Pé quente, pagodeiro e ótimo profissional: neto conta história de Jorginho, massagista do Flamengo por 40 anos

Funcionário mais antigo do futebol rubro-negro, Jorge Luiz Domingos faleceu na última segunda-feira

Brincalhão, carismático, extrovertido e educado. É assim que Danilo, neto de Jorge Luiz Domingos, o Jorginho, caracterizou seu avô. Massagista do Flamengo por 40 anos, Jorginho amava seu trabalho e sua rotina. Na última segunda-feira, morreu, aos 68 anos, com suspeita da Covid-19. Ele estava internado há duas semanas em um hospital da Ilha do Governador, e sofreu uma parada cardiorrespiratória no início da tarde.

“O meu avô quando ele ficava dois dias em casa ele já ficava agoniado. Ele amava o trabalho dele. Sempre amou o Flamengo, de uma forma que não sei explicar. Quando ele viajava nas férias dava para perceber que ele queria voltar para a rotina dele.”

Ele começou a carreira na Portuguesa da Ilha, e sua seriedade no trabalho, fator que carregou ao longo da sua vida, lhe rendeu um convite para trabalhar no Flamengo em 1980. De lá pra cá, Jorginho colecionou títulos pelo clube rubro-negro: são seis títulos Brasileiros, dois da Libertadores e um Mundial de Clubes.

Além de grande profissional, Jorginho era amado por amigos e familiares (Foto: Arquivo pessoal)

Devoto de São Jorge e com fama de pé quente, o massagista fazia parte do grupo da seleção brasileira campeã do mundo em 2002, no Japão. Seu neto revela que Jorginho nunca esqueceu as histórias daquele mundial. Além do pentacampeonato, Jorginho conquistou ainda mais. Hoje com um lugar de destaque em sua casa, ele exibe uma camisa autografada pelos jogadores da Seleção.

Jorginho tem em casa a Amarelinha de 2002 autografada pelos jogadores (Foto: Arquivo pessoal)

A verdade é que Jorginho quase ficou fora da conquista da Libertadores de 2019. Danilo relembra a felicidade do avô ao saber que viajaria com a equipe, para a disputa da final contra o River Plate, em Lima, no Peru. Na ocasião, o Flamengo venceu por 2 a 1 de virada, e conquistou o bicampeonato da competição.

“O dia que ele ficou feliz mesmo foi a viajem que ele fez para Lima, na final da Libertadores. Ele não imaginava viajar, ficou esperançoso e no último minuto ele foi chamado para participar da partida. Foi um momento marcante.”

Rafinha era um dos jogadores preferidos de Jorginho no elenco Rubro-Negro. Danilo revela que os dois sempre estavam felizes com a vida, ouvindo samba e contando histórias. Em seu Instagram oficial, o lateral-direito do Flamengo prestou homenagens ao massagista e agradeceu pelo tempo que passaram juntos.

Jorginho e Rafinha com a faixa de campeão Brasileiro e da Libertadores (Foto: Arquivo pessoal)

“E agora quem vai cuidar de mim todos os dias? Quem vai cantar aqueles sambas das antigas comigo? Obrigado por todos os dias que passamos juntos, você sempre estará no meu coração. Descanse em paz meu velho, que Deus te receba de braços abertos”, escreveu o camisa 13.

Além das qualidades profissionais, Jorginho também sobrava fora de campo. Bom marido e ótimo pai, ele sempre foi motivo de alegria para a família.

“Meu avô sempre foi um cara maravilhoso. Sempre foi um companheiro para minha vó, foi um excelente marido. Ele faz uma enorme falta para a minha família. Ele sempre foi motivo de alegria. Ele amava viver.”

Retirado de: O Dia