Mauro Cezar: “Flamengo vive sempre no fogo cruzado da briga política”

Mauro Cezar Pereira durante um programa da ESPN (Foto: Reprodução)

O Flamengo empatou com o Fortaleza no último sábado (26) e o técnico Rogério Ceni recebeu críticas de torcedores nas redes sociais, com vazamentos de que outro treinador estaria sendo procurado no momento em que o clube rubro-negro ocupa a terceira posição no Campeonato Brasileiro, a sete pontos do líder São Paulo, mas com um jogo a menos.

No podcast Posse de Bola #86, Mauro Cezar Pereira reconhece que o time decepcionou em campo no jogo diante do Fortaleza, mas vê o incômodo com o técnico muito mais como fruto da disputa política que existe dentro do Flamengo, algo que o jornalista já previa que poderia atrapalhar mesmo no período em que o técnico era Jorge Jesus, em janeiro deste ano.

“O Flamengo vive sempre no fogo cruzado da briga política, daqui 11 meses tem uma eleição presidencial, essa eleição já começou, o coro come dentro da própria diretoria, por isso beira à ingenuidade quando alguém fala ‘que a diretoria não escolheu bem’. A diretoria não escolhe nada, ali é uma disputa. Quem vai escolher o técnico? Quem chega na frente? As coisas são feitas assim, é troca de farpas”, diz Mauro Cezar.

“É gente que vaza, por exemplo, no domingo já tinha gente vazando em rede social e também por WhatsApp e tudo mais, que havia um movimento pela demissão do treinador, o que é uma coisa bizarra, uma coisa absurda, isso supera qualquer limite do ridículo. Movido por interesses políticos, movido por uma série de conchavos, de pessoas que querem de repente agradar A, B ou C. Isso está muito longe do CT, está muito longe do desempenho do futebol”, completa.

Mauro também vê exagero nas críticas a Rogério Ceni com o período que o treinador teve para trabalhar desde sua chegada e os erros individuais que foram cruciais nos resultados dentro de campo. Ele ainda lembra que o próprio Jorge Jesus não vive hoje um bom momento em Portugal e não faria o time funcionar da noite para o dia, assim como não entende os defensores do catalão Domènec Torrent, antecessor de Ceni.

“Existe uma campanha contra o Rogério na internet que eu acho que não tem tanto peso, é apenas barulhenta, mas é de um segmento, que parte inclusive de alguns setores com esse interesse político. Não é possível que a pessoa em sã consciência, horas depois, ache que tudo depende do técnico. Os jogadores não jogam? O escorregão no pênalti é responsabilidade do Rogério?”, questiona Mauro.

“Na rede social você percebe também a torcida do Flamengo que eu já falei que é ‘Fla mimimi’, que é aquela que acha que o clube foi fundado em 2019, começou a torcer no ano passado e acha que tudo vai ser maravilhoso. Somam-se a isso as viúvas do Jorge Jesus, que está sofrendo lá em Portugal e que se continuar perdendo vai perder até o emprego. Esses caras acham que, se o português volta, ele aperta lá uns três botões, coloca uma tomada e o time volta, não é assim, já não vinha jogando bem com ele, as coisas não são tão simples no futebol, e agora surgiram até as viúvas do Dome, que aí é brincadeira”, completa.

Por fim, Mauro cita o São Paulo, atual líder do Campeonato Brasileiro, e o tempo que foi dado a Fernando Diniz mesmo depois de eliminações traumáticas do clube no Campeonato Paulista, na Libertadores e na Copa Sul-Americana, enquanto Rogério é cobrado com bem menos tempo de clube.

“O Flamengo machuca ele mesmo, prejudica ele mesmo, com torcedores que ficam fazendo barulho em rede social por nada e com essa briga política que é o grande problema do clube e é muito curioso isso, porque o técnico que está sendo elogiado hoje e liderando o campeonato teve várias chances para errar e errou várias vezes, mudou a forma do São Paulo jogar, sofreu influências, críticas, repensou e isso é um mérito bacana do Fernando Diniz”, diz Mauro.

“Quantas chances teve para errar? Quantos fracassos pôde ter? O Rogério ‘ah ele foi eliminado de duas competições’, o cara caiu de para-quedas, estreou no jogo contra o São Paulo, então é muito difícil em um ambiente como esse as coisas caminharem bem e acho que o torcedor do Flamengo não pode ser ingênuo de achar que tudo se resume ao campo e bola”, conclui.

Retirado de: UOL