Gerson quer brilhar no Brasil com a função que se destacou no Flamengo

Gerson, do Flamengo, durante o duelo com o América-MG, pelo Campeonato Brasileiro de 2021 (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Conhecido como coringa antes de ser vendido pelo Flamengo, Gerson terá dez dias e três rodadas das Eliminatórias para provar toda sua versatilidade na seleção principal. Aos 24 anos, o meia recebe a primeira oportunidade com Tite, após episódios de recusa às seleções inferiores superados. Mas precisará se reinventar outra vez para se adaptar ao esquema do Brasil e sonhar com uma vaga na Copa do Mundo de 2022.

Em apenas três jogos na França, o jogador ainda está em adaptação ao Olympique de Marselha de Jorge Sampaoli, mas já marcou um gol e deu uma assistência. O técnico argentino é fascinado pelo futebol do meia, e exigiu sua compra. Mas o utiliza inicialmente em uma função diferente da que o fez chamar atenção no Flamengo.

— Eu sou segundo volante. Mas estou sendo usado mais na frente no meu atual clube. Às vezes indo mais para trás. Estou me sentindo bem, mais perto do gol, com responsabilidade de fazer as jogadas ofensivas — declarou Gerson.

O posicionamento mais ofensivo do que no ex-clube não é seu preferido. Perto do atacante, pelo lado esquerdo, Gerson fica muito pouco com a bola. Entretanto, chega mais inteiro ao ataque para acertar o último passe. E também se destaca na pressão pós-perda da bola.

Em pouco tempo, marcou seu primeiro gol, no último sábado, em vitória sobre o Saint-Étienne. Na partida, atuou muito de costas para a chegada dos volantes. E abre mão justamente sua boa condução e proteção na troca de passes para distribuir o jogo e fazer a transição ao ataque.

Começo animador

Foi o desempenho no Flamengo até o meio do ano nessa posição que fez Gerson pleitear a convocação tão esperada. Ele não entendia a demora, apesar da disputa pesada no esquema de Tite. Mas como Fred e Fabinho não foram liberados pela liga inglesa, Casemiro e Bruno Guimarães são os atuais concorrentes na briga pela titularidade já contra o Chile, nesta quinta-feira.

Se quiser usar Gerson mais adiantado como na França, Tite o coloca na disputa com Lucas Paquetá e Everton Ribeiro, que atuam mais pela direita, e ninguém menos que Neymar, que joga mais pela esquerda, próximo ao centroavante. A função também foi desempenhada por Claudinho, outra cara nova, durante as Olimpíadas.

Tite costuma testar seus jogadores em atribuições semelhantes às dos clubes, e deve usar o período de dez dias para tirar as primeiras impressões de Gerson. Mas como o convocou para herdar a vaga de Fred, a tendência é mantê-lo na função que mais gosta. Antes mesmo de chamá-lo, o técnico havia justificado a ausência pelo fato de Sampaoli estar “buscando o melhor local na equipe para ter o melhor de Gerson”. Agora, já teve a noção que readaptação à Europa foi positiva, ainda que em outra função.

Perdoado, mas avaliado

Mas a integração ao grupo servirá também para avaliar comportamentos extracampo. Na coletiva desta terça-feira , Gerson usou os termos focado. ligado e honrado após a primeira chance. Desde a recusa para o pré-olímpico no começo de 2020, após um ano em que não teve férias, a coordenação da seleção o observa.

O coordenador Juninho Paulista citou comprometimento, disponibilidade e foco na seleção como condições além do campo e bola para o chamado. E desta vez pegou o telefone para convocar o meia. A primeira ligação após o imbróglio aconteceu em maio de 2021. Ao contar com Gerson para a Olimpíada, a CBF deu aval para o novo momento. E André Jardine observou um atleta mais maduro mesmo sem contar com o meia no Japão. Segundo Gerson, a má impressão ficou para trás.

— Isso é passado. Já conversei. Já está tudo em ordem. Espero retribuir a chance que eles estão me dando, e viver esse momento na minha vida. É uma alegria imensa, não tem como descrever — disse o curinga da seleção brasileira.

Retirado de: O Globo