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Clima político no Flamengo esquenta e Landim vê pressão aumentar

Uma nação de milhões restrita a alguns e com poréns. A votação a favor da emenda que impõe limite ao número de sócios Off-Rio a no máximo de mil vagas do quadro de contribuintes esquentou também no campo político o dia a dia de um Flamengo que está longe de viver momentos de calmaria no departamento de futebol. A decisão em reunião no Conselho Deliberativo na última segunda-feira expôs rachas antigos e gerou novos conflitos com a gestão Rodolfo Landim.

O tema gerou notas de repúdio de torcidas organizadas, manifestações em redes sociais e questionamentos rígidos de grupos políticos. Até mesmo o vice-presidente de embaixadas e consulados, Maurício Gomes de Mattos, foi contra a emenda e fez questão de manifestar seu voto de pé na frente de todos os conselheiros. Em entrevista ao jornalista Mauro Cezar Pereira, Landim se posicionou.

— Essa sua primeira pergunta (a respeito da limitação dos Off-Rio) deveria ser respondida pelos conselheiros do Clube. Em sua grande maioria, sócios proprietários são os verdadeiros donos do Flamengo e que fizeram um bom investimento para comprar um título do clube – disse Landim.

A decisão no CoDe só aumentou ainda mais a temperatura de uma discussão que começou em agosto de 2020, quando foi anunciado que a mensalidade da categoria Off-Rio (para sócios com comprovante de residência em municípios após o raio de 100km do Rio de Janeiro) seria aumentada em 165% dois meses depois. Na ocasião, pulou de R$ 64 para R$ 170, causando debandada.

A justificativa da diretoria para a medida se pauta no maior equilíbrio com o valor pago por membros do quadro associativo de outras categorias, além da insatisfação de parte dos sócios pela disparidade que daria o mesmo direito a voto. A estimativa é de que na época existiam cerca de 1.700 Off-Rio, número que despencou para cerca de 370.

Com a decisão da última segunda-feira, os Off-Rio não podem ser mais do que 1000 dentro do quadro de sócios contribuintes. Caso as vagas de Off-Rio (com mensalidade proporcional a 75% do valor de sócio patrimonial) sejam todas ocupadas, os moradores de fora do Rio de Janeiro terão que aderir a outras categorias para fazer parte do quadro associativo do clube. No momento, o título de sócio patrimonial custa R$ 7.215,00.

Há ainda a possibilidade de compra de títulos de sócio proprietário nas secretarias do clube ou através de interessados em vender suas propriedades. Atualmente, as mensalidades estão na casa dos R$ 240 para o Off-Rio e R$ 308 para o sócio contribuinte.

Diante de todo cenário de conflito e do já posicionamento de Landim, o ge escutou conselheiros ativos na causa que rebate a decisão CoDe da última segunda-feira. Dois dos quatro candidatos à presidência nas eleições do último mês de dezembro têm a pauta como bandeira, além do presidente da maior embaixada do clube Brasil afora e de representante do grupo Flamengo Sem Fronteiras.

Confira:

Thiago Corrêa – Presidente da embaixada Fla Campos, a mais numerosa do clube com cerca de 800 afiliados.

— O Flamengo não se resume a oito mil sócios ou dois mil conselheiros. Vai muito além dos muros da Gávea, 80% da nação está fora do Rio. O Flamengo é o seu povo. Qual tamanho teria o Flamengo sem esse povo? O clube tem receita na casa do bilhão, é o clube que mais recebe cota de TV, a FlaTV é a terceira maior do mundo, as redes sociais são disparadas na frente dos outros, os recordes de público são batidos seguidamente e onde o clube joga pelo Brasil está lotado. Isso tudo é graças ao seu povo. Qual tamanho teria o Flamengo sem esse povo? Lamentamos esse ato, que não foi feito na reunião de segunda-feira.

— O maior problema não está nem tanto na limitação, mas no valor do Off-Rio. O trabalho que nós temos que fazer como torcedores é campanha de adesão. Ainda são mil vagas e menos de 400 ocupadas. Se os Off-Rio ocuparem essas vagas, com mil votos elegemos o presidente do Flamengo. Nunca na história um presidente foi eleito com mais de dois mil votos. Se votarmos em bloco, conseguimos definir a eleição do Flamengo. Só assim mais para frente poderemos tentar reverter essa situação. Perdemos a batalha, mas não a guerra. Foi apenas um golpe sofrido. Sabíamos que o resultado seria esse, mas nos posicionamos ao lado da nação.

Ricardo Hinrichsen, ex-VP de marketing e candidato à presidente na última eleição

— Fechar o clube é uma atitude que não é muito inteligente. Claro que não é ética, não é justa, como todos comentaram sobre a participação do torcedor que representa 80% da torcida do Flamengo ser excluída do quadro associativo. Claro que há essa questão ética. Mas do ponto de vista comercial e de marketing também não faz nenhum sentido. Muito pelo contrário. A medida que o futebol brasileiro está se transformando com as entradas dos clube-empresa, o Flamengo mais do que nunca depende do seu torcedor e depende de monetizar essa base. E não vai ser com 20% dessa base que mora no estado do Rio que vamos conseguir manter a capacidade de investimento com recursos que chegam ao Brasil para as SAFs em dólar e euro.

— A única forma de competir diretamente com esses investidores é ampliar o máximo possível a sua base de associados e se aproximar o máximo possível desse torcedor e cliente para transformar esse potencial enorme em riqueza. A partir daí, vamos conseguir fazer frente nessa modificação tão agressiva do mercado do futebol no Brasil.

Walter Monteiro, candidato à presidência na última eleição

— A questão do voto a distância vai acabar voltando e se tornando uma realidade, o Flamengo sabe disso. Assim, eles criam embaraços para que os sócios da sede não percam o controle do processo político. É uma questão de ideologia. Essa frase resume todo o pensamento da atual direção: “É preciso distinguir a atividade futebolística da associação recreativa sediada no seio da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. A verdade é que a vida social do Flamengo se limita à capital fluminense”.

— Em termos de dados estatísticos eu tenho bem pouca coisa, porque o Flamengo não divulga essas informações. Porém, o mais importante é a simbologia: o Flamengo não quer associados que não sejam cariocas. Isso já estava escrito ano passado e foi sacramentado na última reunião.

Bernardo Marques – Grupo Flamengo Sem Fronteiras

— O fato é que fizeram isso para controle eleitoral. Desejo de sócios proprietários do clube que não aceitam o torcedor de fora do clube em participar da política e do dia a dia do Flamengo. Viram que o eleitor de fora estava aumentando e isso fugiria do controle de voto, atacaram aonde mais poderia doer no meio da pandemia: no bolso, com o aumento de 165% no valor da mensalidade.

— Agora, aprovam a limitação de mil associados, que além de ir contra a história do Flamengo, põe em risco o futuro. Aumentar o quadro associativo é a saída para a luta contra as SAFs e mecenatos da vida, que ainda tem a chegada dos conglomerados esportivos, quem chegam para injetar dinheiro nos clubes do Brasil. Sem isso, fica difícil.

Retirado de: Globo Esporte

Equipe Gávea News

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