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Em dia São Jorge, saiba como santo virou padroeiro do Corinthians

A relação entre o Corinthians e São Jorge transcende a fé religiosa, tornando-se parte essencial da identidade cultural e histórica do clube. Desde 2017, o “Ritual de São Jorge” é realizado antes dos jogos na Neo Química Arena, quando uma imagem do santo é levada ao campo por Fernando Wanner, historiador do clube. Conforme ele explica, trata-se de uma homenagem simbólica que busca criar uma aura corintiana, e não um gesto supersticioso: “São Jorge está lá para simbolizar uma tradição e para homenagear nosso padroeiro”.

A origem dessa devoção remonta aos anos 1920, quando o clube buscava um novo espaço para sua sede. Antônio Pereira, um dos fundadores, sugeriu a compra da Fazenda São Jorge. Após resistências internas, ele levou uma estátua do santo à mesa do Conselho, o que causou forte comoção. “O clube já tinha uma devoção guerreira, um time da várzea, de operários, de superação”, contou Wanner. O terreno foi adquirido em 1926 e a relação com o santo firmou-se definitivamente.

Atualmente, a sede social do Corinthians preserva essa herança com símbolos religiosos. A Capela de São Jorge, inaugurada em 1967, celebra missas dominicais desde 1994. Próxima ao local, há a Fonte de São Jorge, onde, segundo o imaginário popular, quem bebe da água se torna torcedor fiel. O técnico Tite era frequentador assíduo da capela.

Além do catolicismo, a tradição corintiana integra também elementos das religiões de matriz africana. O escudo moderno do clube, criado por Orfeu Maia nos anos 1980, foi inspirado no “ponto riscado de Ogum”. Conforme explica Pai Salum, líder espiritual da umbanda, Ogum é o equivalente a São Jorge no sincretismo afro-brasileiro.

Essa conexão religiosa manifesta-se também no samba-enredo “Vai Corinthians”, da Gaviões da Fiel, criado em 1976 e entoado até hoje nos estádios. O canto une fé, sofrimento e esperança, características marcantes da torcida alvinegra. “Mesmo quem é judeu, muçulmano ou evangélico respeita o que significa São Jorge para o Corinthians”, conclui Wanner.

A devoção, portanto, ultrapassa o campo e reforça um senso de pertencimento coletivo. A simbologia do guerreiro, seja ele santo ou orixá, espelha a resistência e a paixão que movem o clube e seus torcedores há quase um século.

Paula Mattos

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