Como chega o Estudiantes para enfrentar o Botafogo?

O Estudiantes vive um momento de transição incomum no futebol argentino. Adversário do Botafogo às 21h30 desta quarta-feira (14), pela Libertadores, o clube de La Plata se destaca tanto pelo desempenho em campo quanto pela tentativa de modernizar sua estrutura administrativa.

Apesar do cenário econômico desafiador no país, a equipe ocupa a liderança do Grupo A e vem sendo apontada como símbolo de um modelo que tenta se aproximar das Sociedades Anônimas do Futebol, mesmo com restrições impostas pela Associação do Futebol Argentino (AFA).

A tentativa de adotar uma gestão empresarial se intensificou com a chegada de Foster Gillett, empresário norte-americano e filho de George Gillett, ex-proprietário do Liverpool. Embora a legislação vigente impeça a transformação formal dos clubes em empresas, Gillett assumiu um papel central nos bastidores do Estudiantes.

O acordo, ainda não oficializado por meio de reunião de acionistas, prevê um aporte de US$ 120 milhões (cerca de R$ 698 milhões na cotação atual), sem exigir garantias patrimoniais do clube.

Apoio financeiro impulsiona reforços estratégicos

Mesmo sem formalização jurídica, o envolvimento de Gillett já impactou diretamente o elenco. O caso mais emblemático é o de Cristian Medina, meio-campista revelado pelo Boca Juniors e considerado uma das maiores promessas recentes do futebol argentino.

O Estudiantes desembolsou € 14,6 milhões (R$ 91,5 milhões) para garantir sua contratação — montante viabilizado com apoio direto do empresário norte-americano.

Lucas Cislaghi, jornalista do diário “Olé”, explicou que o jogador está registrado pelo clube argentino, mas sua propriedade pertence ao grupo de Gillett. “Ele começou a operar nos bastidores, realizou o aporte para Medina e participou diretamente das negociações da última janela”, relatou Cislaghi.

Além de Medina, outros reforços foram buscados, embora nem todos os negócios tenham sido concretizados. O Estudiantes tentou a contratação do volante Rodrigo Villagra, então no River Plate, e do zagueiro Valentín Gómez, do Vélez Sarsfield. No entanto, ambas as negociações fracassaram.

Segundo o repórter Claudio Cardozo, Gillett chegou a prometer valores ao River e ao Vélez, mas priorizou o acerto com Medina, o que comprometeu os outros acordos.

Tentativas frustradas e escolhas técnicas determinam saídas

O caso de Valentín Gómez parecia encaminhado, inclusive com planos de enviá-lo primeiro à Udinese e posteriormente transferi-lo ao Estudiantes. O valor acordado seria de US$ 8,5 milhões (R$ 48,4 milhões), mas a ausência de pagamento impediu o avanço. Gómez chegou a despertar o interesse do Cruzeiro, mas permaneceu no Vélez após o negócio travar nos momentos finais.

Com Villagra, o desfecho foi diferente. Apesar do interesse do Estudiantes, o treinador Eduardo Domínguez vetou sua chegada. O meio-campista acabou se transferindo para o CSKA Moscou, da Rússia. Essa decisão, conforme apurado, foi técnica e não financeira.

Reforços de peso e consolidação no cenário continental

Mesmo com as perdas pontuais, o Estudiantes se manteve ativo na janela de transferências. O atacante Facundo Farías, que atuava ao lado de Lionel Messi no Inter Miami, foi contratado por € 4,3 milhões (R$ 27 milhões).

Além dele, o clube acertou com nomes experientes como o zagueiro Funes Mori e o atacante Lucas Alario, ambos sem custo de transferência. Outro nome importante foi o jovem Sebastián Boselli, que chegou por empréstimo do River Plate.

Atualmente, o clube argentino ocupa a vice-liderança do Grupo A da Libertadores, com nove pontos, três a mais que o Botafogo. O confronto direto no Nilton Santos representa não apenas uma disputa por classificação, mas também uma vitrine do novo projeto esportivo e administrativo do Estudiantes.