Deu ruim?! Conselho Fiscal do Corinthians toma atitude importante

O Conselho Fiscal do Corinthians oficializou, na quarta-feira (21), a reabertura da análise das contas referentes aos anos de 2023 e 2024. A medida ocorre após um crescente movimento interno por maior clareza nos demonstrativos financeiros, intensificado por pressões da oposição e manifestações de setores organizados da torcida.

Conforme documentos obtidos, a decisão reflete também a tentativa de apaziguar as tensões políticas que tomaram conta do clube nos últimos meses.

A decisão foi formalizada por Haroldo José Dantas da Silva, presidente do Conselho Fiscal, que comunicou em ofício a outros órgãos internos sobre a necessidade de reavaliar as demonstrações contábeis.

A solicitação para revisão surgiu após a elaboração de uma nota técnica do departamento financeiro, que apontou divergências relevantes nos números anteriormente divulgados. A revisão foi aprovada em reunião extraordinária realizada na segunda-feira (19), com foco em pontos estratégicos da contabilidade corintiana.

Divergências contábeis e foco da análise

O estopim para a reabertura das contas foi a diferença entre os valores de endividamento apresentados. O Conselho de Orientação (Cori) havia registrado uma elevação de R$ 829 milhões na dívida do clube, com total de R$ 2,5 bilhões — valor que motivou a reprovação das contas referentes ao ano de 2024, primeiro exercício sob a presidência de Augusto Melo.

No entanto, o setor financeiro alegou que o crescimento real da dívida seria de apenas R$ 88,6 milhões. Segundo a nota técnica, boa parte do montante apontado como novo refere-se a débitos antigos que não estavam corretamente lançados nos balanços anteriores, como processos judiciais e pendências com programas de parcelamento, incluindo o Profut.

Além disso, o novo escopo da análise busca aprofundar questões consideradas sensíveis. Entre os pontos em destaque estão os contratos de patrocínio firmados recentemente, intermediações em negociações de jogadores, operações envolvendo receitas futuras da Neo Química Arena e estratégias de renegociação de dívidas acumuladas.

O objetivo é compreender se tais ações estão de acordo com o planejamento orçamentário previsto para o biênio analisado.

Crise política e impacto na gestão

A reabertura das contas ocorre em um momento de instabilidade política interna. O atual presidente, Augusto Melo, que assumiu o comando do clube ao fim de 2023 com promessas de reformulação administrativa, enfrenta um processo de impeachment. A votação para decidir sobre sua permanência está marcada para domingo (26).

Entre as principais críticas, estão a falta de transparência nas movimentações financeiras e a ausência de explicações convincentes sobre as estratégias de redução do passivo e sustentabilidade contratual.

A análise das contas de 2023 já havia revelado um déficit superior a R$ 140 milhões. Desde então, o clube enfrentou desafios significativos no fluxo de caixa. A oposição sustenta que novos acordos comerciais e movimentações no mercado da bola em 2024 exigem uma reavaliação criteriosa, a fim de evitar distorções e assegurar responsabilidade fiscal.

Próximos passos e expectativas internas

O presidente do Conselho Fiscal alertou, em documento oficial, que a reanálise será “extensa e longa”. Segundo ele, diversas iniciativas ainda precisam ser adotadas antes da deliberação final. A expectativa é que o processo se desdobre nas próximas semanas, com foco em restabelecer a confiança entre os conselheiros e demais setores do clube.