Meia de R$ 85 milhões deixa suas impressões a Renato Paiva no Botafogo

Contratado por cerca de R$ 85 milhões na primeira janela de transferências de 2025, Santiago Rodríguez chegou ao Botafogo cercado de expectativas. O meia uruguaio, de 25 anos, assumiu publicamente a missão de ser o “novo Almada”, mesmo reconhecendo ter características diferentes do antecessor. Contudo, a trajetória inicial não foi fácil.

Primeiramente, o jogador enfrentou dificuldades físicas e técnicas para se adaptar ao futebol brasileiro, além de ter sofrido uma lesão muscular na perna esquerda, em abril, que o afastou por mais de um mês das atividades.

A retomada veio de maneira gradual. Santi participou de alguns minutos contra o Flamengo, e, surpreendentemente, foi titular no confronto diante do Capital-DF, pela Copa do Brasil. A escalação alternativa de Renato Paiva, motivada pela vantagem construída no jogo de ida, ofereceu ao meia sua primeira chance de atuar durante os 90 minutos completos.

O desempenho, embora sem resultado positivo para o time, representou um ponto de virada individual.

Avaliação técnica e confiança do treinador

Durante a coletiva pós-jogo, Renato Paiva minimizou as comparações com antigos ídolos e destacou a importância do tempo para adaptação. “Disse que o único número que tem nas costas é o do jogador e não de quanto custou a transferência”, afirmou o técnico, deixando claro que o valor investido não deve se traduzir em cobrança imediata.

Ainda que tenha oscilado fisicamente ao longo da partida da Copa do Brasil, Santi apresentou bons indicadores. Jogou inicialmente pelo lado esquerdo, mas se movimentou bastante, demonstrando visão de jogo e qualidade nos passes. Registrou 83% de aproveitamento nos toques e arriscou duas finalizações.

Apesar disso, perdeu a posse 25 vezes, o que reforça a necessidade de evolução, sobretudo no aspecto físico. “Trabalhou, fez o que pedi, só que com o passar do tempo vai perdendo frescor físico e mental para tomar boas decisões. Mas é um jogo em que deu alguns bons indicadores”, avaliou Paiva.

Contexto do elenco e espaço conquistado

A exibição diante do Capital-DF, ainda que em um revés por 1 a 0, foi suficiente para credenciar o uruguaio a novas oportunidades. Em um meio-campo onde Marlon Freitas e Gregore são peças consolidadas, e nomes como Allan, Patrick de Paula e Danilo Barbosa vêm em crescimento, Santi buscava abrir espaço.

A avaliação interna, aliás, é de que o setor está bem servido, o que reforça o peso de seu desempenho naquele duelo.

O próprio treinador já vinha utilizando o jogador com cautela desde o retorno da lesão. Após figurar entre os suplentes contra Internacional e Flamengo, a chance como titular veio no momento em que o elenco era rodado para preservar os principais nomes.

Mesmo em meio à concorrência intensa, Santi soube aproveitar a brecha com entrega e leitura tática. Paiva foi direto: “É um jogador com quem obviamente nós contamos. Vem crescendo”.

Perspectivas realistas e impacto imediato

A atuação completa de Santi Rodríguez não apenas evidenciou sua capacidade técnica, como também confirmou sua condição de peça útil no planejamento alvinegro. Afinal, em um clube que recentemente desistiu da contratação de Wendel, o reforço uruguaio desponta como alternativa real no setor, sem que haja urgência na reposição de volantes na janela do meio do ano.

Assim sendo, ainda que a caminhada até aqui tenha sido marcada por obstáculos, a resposta de Santi ao primeiro grande teste demonstra um aproveitamento promissor da oportunidade recebida. Sua presença em campo, aliás, pode ser vital em momentos em que o calendário impõe mudanças no elenco titular.