O presidente do Vitória, Fábio Mota, fez um pronunciamento na tarde desta sexta-feira (26 de setembro) para explicar os efeitos da ação do Flamengo contra a Libra. A disputa envolve a divisão das cotas de TV e já afeta os repasses aos clubes.
A liminar obtida pelo clube carioca na Justiça do Rio de Janeiro, na quarta-feira (24 de setembro), determinou o bloqueio de R$ 77,1 milhões do segundo repasse da Rede Globo. O primeiro pagamento, efetuado no dia 25 de julho, foi de R$ 76,6 milhões. Ainda restam duas parcelas neste ano, em novembro e no fim da competição. O contrato dos clubes com a Libra vale até 2029.
“Tem repercussão para todo mundo, não só para o Vitória, mas para todos os clubes da Libra. É um bloqueio de R$ 258 milhões. Até se resolver, a Globo não está repassando dinheiro para os clubes, a Globo vai depositar judicialmente e discutir”.
Pelo acordo atual, 40% da receita é igualitária, 30% depende dos resultados e 30% da audiência. O Flamengo defende alterar o cálculo do componente de visibilidade, com base no pay-per-view (Premiere), o que mudaria os repasses.
“O Flamengo quer mudar o critério de distribuição. Hoje, 40% do dinheiro é dividido para todos os clubes de forma igualitária. 30% é por audiência e 30% por performance no campeonato. O Flamengo está conseguindo que os outros 60% levem em consideração o pay-per-view”.
Mota afirma que a proposta prejudica diretamente o Vitória e reforça a migração para a Liga Forte União a partir de 2029. A diretoria estima receber R$ 166 milhões anuais na LFU, contra R$ 123 milhões na Libra.
“Se isso prosperar, o Vitória perde R$ 8 milhões por ano nessa mudança de critério. Então nós estávamos certos quando saímos da Libra, a partir de 2029, e fomos para a LFU. Fizemos na hora certa, antes de estourar esse bloqueio judicial”.
O dirigente também comparou os modelos de divisão entre as ligas para justificar a escolha.
“Na LFU, o bolo é dividido com 45% iguais, enquanto na Libra são só 40%. Além disso, mesmo vendendo 15% do que vai receber, o Vitória passa a ganhar 20% a mais durante 45 anos. Nós saímos na hora certa, antes de estourar esse bloqueio judicial”.
Ele ainda negou que o clube tenha vendido todo o contrato futuro ao antecipar receitas.
“Não é verdade que o Vitória vendeu tudo por 50 anos. Nós vendemos 15% e antecipamos cinco anos apenas. A partir daí, o contrato volta ao modelo original. Comigo é transparência de todas as formas”.
Com a decisão, os clubes não receberam a parcela prevista para quinta-feira (25 de setembro). Segundo o jornalista Rodrigo Capello, do Estadão, o Vitória deixará de embolsar R$ 4,59 milhões. Também foram impactados Flamengo (R$ 17,4 mi), São Paulo (R$ 13,38 mi), Palmeiras (R$ 12,32 mi), Santos (R$ 9,47 mi), Atlético-MG (R$ 7,72 mi), Bahia (R$ 7,17 mi) e Red Bull Bragantino (R$ 4,93 mi). O Grêmio não tinha valores a receber. A Globo ainda não se pronunciou oficialmente sobre a decisão.