Uma carta assinada por 50 atletas profissionais foi enviada à Uefa com o pedido de exclusão de Israel de todas as competições organizadas pela entidade. O documento, elaborado pela Nujum Sports em parceria com o movimento Athletes 4 Peace, reúne nomes do futebol, críquete, boxe e outras modalidades diante do conflito na Faixa de Gaza.
Entre os signatários estão o francês Paul Pogba, o marroquino Hakim Ziyech, o malinês Cheick Doucouré, do Crystal Palace, e o jogador de críquete inglês Moeen Ali.
Também assinam o manifesto atletas como Anwar El Ghazi, Sam Morsy, Layla Banaras, Yakou Meite, além do clube chileno Palestino e do ex-treinador inglês Nigel Pearson.
Manifesto e alegações contra Israel
A carta afirma que o esporte “não pode permanecer em silêncio enquanto atletas e civis — incluindo crianças — são mortos indiscriminadamente em massa em Gaza”. O documento menciona relatório da ONU, que acusou Israel de cometer quatro dos cinco atos que caracterizam genocídio, conforme a Convenção de 1948.
“É uma obrigação dos órgãos esportivos tomar medidas contra equipes esportivas que representam um país que, segundo uma comissão das Nações Unidas, está cometendo genocídio contra palestinos em Gaza”, diz um trecho do documento.
A iniciativa também presta homenagem a Suleiman al-Obeid, ex-jogador palestino apelidado de “Pelé Palestino”. Segundo a Associação Palestina de Futebol, foi morto em agosto durante um ataque das forças israelenses a civis que aguardavam ajuda humanitária.
“Isto não é sobre política, nem sobre tomar partido. Trata-se de justiça, humanidade e dos valores que o esporte diz representar — e de não permitir que nações usem o esporte para ‘lavar’ suas ações ilegais e desumanas”, afirmam os atletas no texto.
Posição da Uefa e possível suspensão
Conforme informações divulgadas pela imprensa internacional, incluindo a agência Associated Press e o jornal The Guardian, a Uefa já teria formado maioria entre suas federações nacionais para aprovar o afastamento de Israel.
Caso se confirme, a medida excluiria a seleção israelense das Eliminatórias para a Eurocopa e para a Liga das Nações, além dos clubes do país das competições continentais, como Liga dos Campeões, Liga Europa e Conference League.
Partidas como o duelo entre Maccabi Tel Aviv e Dinamo Zagreb, pela fase de grupos da Liga Europa, podem ter sido as últimas da equipe israelense sob chancela da Uefa neste ciclo. A vaga poderia, inclusive, ser herdada pelo Dínamo de Kiev, que foi eliminado justamente pelo clube de Israel.
Divergências com a Fifa e posicionamento dos EUA
A suspensão de Israel, contudo, não se estenderia às Eliminatórias para a Copa do Mundo, organizadas pela Fifa. O órgão máximo do futebol mundial, atualmente presidido por Gianni Infantino, teria recebido forte pressão do governo dos EUA, cujo presidente Donald Trump manifestou publicamente apoio a Israel.
“[O governo dos EUA] trabalhará para impedir completamente qualquer tentativa de banir a seleção israelense de futebol da Copa do Mundo”, declarou um porta-voz do governo norte-americano à emissora BBC.
A divergência entre Uefa e Fifa se agravou após manifestações públicas de federações nacionais, como as de Turquia, Itália e Noruega, que passaram a exigir o afastamento da Federação Israelense de Futebol como forma de resposta ao que classificam como crimes contra civis palestinos.