O Conselho Deliberativo do Corinthians aprovou por aclamação, no Parque São Jorge, a revisão orçamentária para o exercício de 2025. A proposta foi apresentada pela gestão de Osmar Stabile e substitui a previsão anterior, que estimava superávit de R$ 34 milhões ao fim de 2024, por um déficit de R$ 83 milhões.
A nova diretoria avaliou que o orçamento deixado pela gestão anterior, de Augusto Melo, não condizia com a realidade enfrentada ao assumir o clube, em maio. Por isso, optou por revisar as metas e adequá-las ao atual cenário financeiro.
O documento passou previamente pelo Conselho de Orientação e pelo Conselho Fiscal, que emitiram pareceres favoráveis à aprovação. O CORI, inclusive, recomendou a realização de auditorias trimestrais para acompanhamento contínuo das contas.
Durante a assembleia, 136 conselheiros participaram da votação. Apesar de não haver votos contrários, 26 conselheiros manifestaram o desejo de que o orçamento fosse reavaliado antes da aprovação definitiva.
Diferenças nas projeções e principais ajustes
A principal mudança em relação à proposta anterior está na receita líquida com negociações de jogadores. A gestão anterior estimava arrecadar R$ 180,1 milhões, enquanto o novo documento projeta apenas R$ 73,6 milhões — uma redução de 59,2% nesse item.
Além disso, o orçamento revisado prevê um aumento expressivo nos gastos com pessoal. A estimativa atual é de R$ 492,7 milhões, 42,5% acima dos R$ 345,8 milhões projetados anteriormente.
O relatório do Conselho Fiscal aponta que esse aumento decorre, principalmente, de previsões subestimadas em férias, 13º salário, salários e direitos de imagem.
A eliminação precoce na terceira fase da Libertadores também impactou negativamente o planejamento. A diretoria anterior previa que o time chegaria ao menos às oitavas de final, o que implicou em reduções nas receitas de bilheteria (-7,1%) e direitos de TV (-2,1%).
A participação na Copa Sul-Americana compensou parte das perdas, mas com receitas significativamente menores.
Nova expectativa no desempenho esportivo
A revisão também ajustou a meta de desempenho no Campeonato Brasileiro. A expectativa agora é que o Corinthians encerre a temporada entre a 8ª e a 10ª colocação, o que poderia render cerca de R$ 210 milhões.
Anteriormente, o oitavo lugar era tratado como meta fixa. Atualmente, o clube ocupa a 13ª posição na tabela.
No quesito patrocínio, o novo orçamento prevê arrecadação de R$ 174,4 milhões — valor 17,5% menor que os R$ 211,6 milhões da projeção anterior. A diferença decorre de propriedades comerciais ainda não negociadas até o momento.
Endividamento em crescimento
O balanço semestral revela que o endividamento do clube atingiu R$ 2,6 bilhões, sendo R$ 1,948 bilhão relacionado a dívidas do clube e R$ 675,2 milhões referentes ao financiamento da Neo Química Arena com a Caixa Econômica Federal. Durante a gestão Augusto Melo, o valor da dívida teve um aumento de aproximadamente R$ 700 milhões.
De acordo com o parecer final do Conselho Fiscal, “o resultado operacional previsto, considerando somente receitas e despesas recorrentes, deve ficar inferior ao originalmente orçado em 116%, devido principalmente às despesas de pessoal subavaliadas e à estimativa de crescimento de receitas originalmente prevista não ser atingida”.