O Fluminense intensificou as discussões para transformar o departamento de futebol em SAF, a partir de uma proposta de compra de ações apresentada por um grupo de investidores. O debate ocorre em meio ao esforço do clube por estabilidade financeira e competitividade esportiva no cenário nacional, com torcedores atentos aos impactos dessa eventual mudança de gestão.
Na segunda-feira (8), a diretoria tricolor apresentou ao Conselho Deliberativo a proposta da gestora LZ Sport, representante de 40 torcedores-investidores. O aporte inicial seria de R$ 500 milhões — R$ 250 milhões na assinatura e o restante em até dois anos — por 65% das ações da SAF. Além disso, a dívida do clube, de R$ 865 milhões, seria assumida pela futura gestão.
Após a vitória por 2 a 0 sobre o Bahia, Thiago Silva avaliou que o modelo pode oferecer condições para o Fluminense competir com rivais de maior orçamento. Segundo o capitão, a expectativa é de fortalecimento institucional e esportivo, caso a mudança avance. Entretanto, ele ressaltou que a torcida acompanha o processo em “stand-by”.
“Acredito muito que, se vier a acontecer, as pessoas vão vir para poder fazer um Fluminense melhor. Eu, como torcedor, espero que isso aconteça, brigando por títulos mais importantes diante do nosso rival (Flamengo), do Palmeiras, do próprio Botafogo. Enfim, a gente fica nesse stand-by (em espera) e torcendo para que tudo dê certo, independentemente se aconteça a SAF ou não”, disse.
Para o zagueiro de 40 anos, não seria novidade atuar em um clube com dono, pois viveu essa realidade no PSG e no Chelsea. Ele citou exemplos positivos de gestão e destacou a relevância do poder de investimento nessas experiências europeias. Aliás, o defensor comparou esse cenário com o retorno ao Brasil.
“Eu não tive problema em termos de gestão desses clubes, muito pelo contrário. As pessoas pensando no clube em primeiro lugar, em entregar o melhor para o seu torcedor. A condição financeira realmente era muito importante. Na França, era uma diferença absurda e eu, nessa volta para o Brasil, conheci um pouco o lado o contrário (outros clubes com mais dinheiro)”, pontuou o zagueiro.
A proposta prevê compromisso de R$ 6,4 bilhões em dez anos antes de qualquer lucro dos investidores. Segundo o plano, o objetivo é elevar a folha salarial para colocar o Fluminense entre os três principais elencos do país. Além disso, o pacote inclui o futebol feminino, as categorias de base e o futsal, com Xerém sob a empresa e a sede nas Laranjeiras mantida pelo associativo.
O novo CEO ainda não foi escolhido; a tendência indicada é o atual presidente, Mário Bittencourt. Para a SAF avançar, o Conselho Deliberativo precisa aprovar a proposta e, depois, os sócios votam em Assembleia Geral. Já a votação ocorrerá apenas após a eleição marcada para a segunda quinzena de novembro. Não há informação confirmada nas fontes disponíveis sobre prazos adicionais.