O ex-presidente do Corinthians, Augusto Melo, afirmou nesta quinta-feira (25) que não deve ser responsabilizado pelas dívidas relativas à contratação de jogadores durante sua gestão. Ele alega ter deixado receitas suficientes para honrar os compromissos e transferiu à diretoria atual a obrigação de pagamento.
A manifestação de Augusto Melo ocorreu após a divulgação de que o Corinthians deve aproximadamente R$ 8 milhões ao Philadelphia Union, dos Estados Unidos, pela aquisição do meia venezuelano José Martínez.
O valor corresponde a uma parcela não quitada do total de 1,7 milhão de dólares do negócio, firmado em 2024. Acontece que a dívida levou o clube a ser acionado na Fifa e pode resultar em nova punição de transfer ban.
Atualmente, o caso está sob análise da Corte Arbitral do Esporte (CAS), aguardando julgamento definitivo.
Acúmulo de processos e passivo crescente
Este é o quinto processo internacional envolvendo o Corinthians por inadimplência contratual e, ao todo, as dívidas somam mais de R$ 120 milhões.
Além do caso Martínez, o clube responde por pendências com o Santos Laguna (Félix Torres), Talleres (Rodrigo Garro), Shakhtar Donetsk (Maycon) e Matías Rojas, que já rendeu uma condenação no CAS no valor de R$ 45 milhões.
Declarações públicas e acusações mútuas
Nas redes sociais, Augusto Melo criticou a condução financeira da atual administração e reforçou que todas as contratações foram autorizadas pelos setores jurídico, financeiro e técnico do clube.
“Não é mais problema meu. A partir do segundo semestre do ano passado, para todos os jogadores comprados, tivemos autorização dos departamentos financeiro e jurídico, da comissão técnica e do executivo de futebol, com a minha autorização. (…) Receitas, eu deixei bastante”, manifestou.
O ex-mandatário também afirmou ter enfrentado cenário semelhante em sua gestão e que, mesmo com dificuldades no caixa, conseguiu evitar punições:
“No ano passado, arquei com um monte de situações. Paguei direito de imagem e transfer bans também, não deixei chegar a esse ponto. (…) Isso não é problema meu. É problema deles. Parem de ficar jogando nas minhas costas. Já não estou mais lá”.
Processo de impeachment e afastamento
Eleito no fim de 2023, Augusto Melo foi afastado do cargo em maio e destituído definitivamente em 9 de agosto de 2025, após processo de impeachment.
As acusações incluíram supostas irregularidades no contrato de patrocínio com a casa de apostas VaideBet, violação da Lei Geral do Esporte e descumprimento do estatuto do clube. O ex-dirigente nega todas as irregularidades apontadas.