Julio Casares, presidente do São Paulo desde 2021, tem sido alvo de protestos crescentes por parte da torcida tricolor, especialmente após a eliminação recente para a LDU na Copa Libertadores e a derrota para o Ceará no Morumbis. Em meio ao clima de insatisfação, o dirigente utilizou as redes sociais para se manifestar e pedir compreensão aos torcedores, enfatizando o processo de reestruturação financeira do clube.
Os protestos aconteceram na segunda-feira (29 de setembro), horas antes do confronto contra o Ceará pelo Campeonato Brasileiro, marcado para as 19 horas (horário de Brasília). A manifestação teve forte presença de torcidas organizadas, que exibiram faixas e caixões com imagens de dirigentes como Casares e Carlos Belmonte. Além deles, nomes como Rui Costa, Nelsinho e Chapecó também foram alvo das críticas.
A pressão ocorre em meio a um cenário financeiro delicado. Segundo dados oficiais, o clube encerrou o ano de 2024 com um déficit de R$ 287,6 milhões, o que elevou a dívida total para R$ 968,2 milhões. Casares admitiu que parte desse endividamento foi resultado de decisões voltadas à montagem de um elenco competitivo e à reaproximação com os torcedores. “Essa reconexão com o torcedor tem um custo alto, mas a gente tinha que correr esse risco”, justificou.
Além dos investimentos em contratações de impacto como Lucas Moura e Oscar, a gestão do presidente busca soluções de médio e longo prazo. Uma das propostas é a parceria com o fundo de investimentos Galápagos, que pretende explorar comercialmente a formação de atletas nas categorias de base de Cotia. De acordo com Casares, o projeto prevê que o clube mantenha 70% dos lucros e rechaçou qualquer interpretação de que isso represente a venda da base: “Essa é uma narrativa com interesses políticos”.
Em sua nota pública, Casares reconheceu o momento conturbado e pediu desculpas aos torcedores. “Quero me desculpar com cada um de vocês pelas frustrações e dores que uma eliminação, ou mesmo uma derrota em qualquer situação, causa em cada um dos mais de 20 milhões de tricolores espalhados pelo mundo”.
Ele também fez questão de reafirmar o compromisso com a recuperação financeira do clube até 2030, ano do centenário do São Paulo. “Estamos enfrentando obstáculos e frustrações, mas é um processo necessário. Não há caminho fácil ou rápido, mas há a certeza de que do outro lado dessa travessia o São Paulo sairá mais forte”, afirmou o dirigente.
O cenário atual revela uma divisão clara entre diretoria e arquibancada. Enquanto a gestão prega paciência e foco em reequilíbrio estrutural, parte significativa da torcida clama por mudanças mais imediatas, tanto no comando técnico quanto na cúpula administrativa.