A permanência de Carlos Belmonte na diretoria de futebol do São Paulo entrou em xeque nos últimos dias, após o agravamento de tensões internas e o aumento da pressão externa. Embora siga no cargo até o momento, o cenário atual é marcado por um forte desgaste político e institucional entre o dirigente e o presidente Julio Casares.
As divergências começaram a ganhar evidência pública em agosto, quando uma mensagem enviada por engano no WhatsApp expôs o clima de tensão. O diretor de comunicação do clube, José Eduardo Martins, escreveu que o “Boca” – apelido pejorativo de Belmonte – teria sido impedido por Casares de emprestar o atacante Henrique Carmo ao PSV. A mensagem foi apagada, mas prints circularam nas redes sociais e aprofundaram o racha entre os dois dirigentes.
A crise se intensificou nas últimas semanas com o avanço da proposta de criação de um fundo de investimentos para as categorias de base, idealizada por Casares. O projeto, que visa captar R$ 250 milhões em troca de 30% dos lucros futuros com atletas formados em Cotia, foi aprovado pelo Conselho de Administração e será analisado pelo Conselho Deliberativo. Belmonte, por sua vez, posicionou-se contra a proposta, o que escancarou ainda mais a cisão entre as lideranças do clube.
Nesse cenário, o ambiente político do São Paulo se fragmenta. Belmonte lidera o grupo Legião, segunda maior força entre os aliados da atual gestão, com 15% das cadeiras no Conselho. Casares, por sua vez, encabeça o grupo Participação, com 20%. A saída de Belmonte, caso confirmada, enfraqueceria a base eleitoral de Casares e criaria um novo polo opositor, já de olho nas eleições presidenciais.
Vale citar também que, parte do desgaste interno é atribuído ao desempenho esportivo do clube. Após a eliminação na Copa Libertadores, a torcida manifestou sua insatisfação antes do jogo contra o Ceará, no MorumBIS. O protesto contou com faixas, cartazes e até caixões simbolizando o pedido de saída de Belmonte e Casares. Ainda assim, nenhum dos dois renunciou ao cargo.
Atualmente, a diretoria enfrenta críticas por supostas vendas abaixo do esperado e pela condução de temas relacionados ao centro de formação de atletas. Esses pontos contribuíram para o aumento da tensão e reforçaram o sentimento de desgaste na gestão do futebol.
Internamente, comenta-se que Belmonte não formalizou um pedido de demissão, tampouco houve movimentações administrativas para sua exoneração. Contudo, a instabilidade entre os setores administrativos e o departamento de futebol – representados respectivamente por MorumBIS e CT da Barra Funda – ilustra uma divisão clara na cúpula tricolor.
Conforme os bastidores seguem aquecidos, o São Paulo mantém sua agenda em campo. A equipe encara o Fortaleza na quinta-feira (02 de outubro) e o Palmeiras no domingo (05 de outubro), ambos os compromissos pelo Campeonato Brasileiro, em meio à turbulência nos gabinetes.