O San Lorenzo, um dos clubes mais tradicionais da Argentina, enfrenta uma das situações mais delicadas de sua história recente. A equipe de Buenos Aires, reconhecida internacionalmente por sua ligação com o Papa Francisco e campeã da Libertadores em 2014, recebeu uma notificação da Justiça argentina determinando o prazo até domingo (19 de outubro) para quitar uma dívida de 4,4 milhões de euros (cerca de R$ 28 milhões) — sob pena de falência.
A origem do impasse remonta ao ano de 2020, quando o San Lorenzo negociou o atacante Adolfo Gaich com o CSKA Moscou. Na tentativa de antecipar o valor da venda, o clube argentino contratou um empréstimo com o fundo suíço AIS Investment Fund, utilizando como garantia o montante a ser pago pelos russos. Contudo, ao final da transação, o CSKA optou por transferir diretamente o valor ao San Lorenzo, ignorando o intermediário financeiro.
Apesar de ter recebido o dinheiro, o San Lorenzo não quitou a dívida com o fundo suíço. A situação se arrastou até 2024, quando o clube foi condenado a pagar 3,6 milhões de euros. Entretanto, com a incidência de juros e correções, o valor alcançou os 4,4 milhões de euros atuais, segundo decisão judicial que, conforme noticiado pela TyC Sports, é definitiva e sem possibilidade de novos recursos.
Aliás, os advogados da instituição vinham tentando há cerca de um ano uma solução amigável, mas as negociações não avançaram. Assim sendo, o clube precisa reunir o montante exigido em menos de uma semana para evitar medidas extremas como a falência judicial — algo sem precedentes entre os clubes de primeira divisão do país.
Enquanto isso, a pressão também se intensifica fora dos tribunais. Internamente, o ambiente é de apreensão, uma vez que o clube não tem demonstrado capacidade financeira para arcar com obrigações imediatas de grande vulto. A falta de alternativas jurídicas amplia a urgência por uma solução definitiva e imediata.
Surpreendentemente, o caso repercutiu não apenas pelo impacto esportivo, mas também por envolver a instituição que representa o clube do Papa Francisco, torcedor assumido da equipe portenha. O vínculo com o pontífice chegou a projetar internacionalmente o nome do San Lorenzo ao longo da última década.
Por fim, o San Lorenzo segue como um dos cinco grandes clubes de Buenos Aires, mas vive, atualmente, um dos capítulos mais críticos de sua trajetória centenária, com sua sobrevivência institucional colocada em risco por uma dívida mal resolvida.