A campanha de arrecadação lançada para reduzir a dívida do Corinthians com a Caixa Econômica Federal, referente à construção da Neo Química Arena, parou nos R$ 40,9 milhões arrecadados até o momento, menos de 6% da meta de R$ 700 milhões.

Idealizada pela torcida organizada Gaviões da Fiel, em parceria com a diretoria do clube e representantes da Caixa, a iniciativa — batizada de Doe Arena Corinthians — tem o objetivo de quitar o débito do estádio inaugurado em 2014.

Em dez meses de campanha, o projeto somou R$ 40.984.293, valor que representa apenas 5,85% do total necessário. A quantia é resultado de mais de 80 mil boletos pagos por torcedores e simpatizantes.

A contribuição mínima é de R$ 10 e as doações são feitas exclusivamente pelo site doearenacorinthians.com.br. A campanha, que deveria se encerrar em maio de 2025, foi prorrogada até 31 de dezembro do mesmo ano diante do ritmo lento de arrecadações.

De acordo com dados divulgados pelos organizadores, as primeiras semanas de mobilização, impulsionadas por artistas, influenciadores e patrocinadores, foram as mais produtivas.

Em apenas 24 horas, foram arrecadados quase R$ 8 milhões, e o montante chegou a R$ 33 milhões no primeiro mês. A partir de janeiro, porém, o número de contribuições caiu drasticamente.

A Gaviões da Fiel anunciou recentemente o pagamento da 186ª parcela da dívida, no valor de R$ 4.038,10, em amortizações diárias — exceto aos fins de semana.

Dívida e tentativa de renegociação

O empréstimo original, firmado em 2013, foi de R$ 400 milhões para a construção do estádio, utilizado durante a Copa do Mundo de 2014. Com os juros, o valor total da dívida chegou a aproximadamente R$ 700 milhões.

Diante da lentidão das doações, o clube iniciou negociações com a Caixa para alterar o índice de correção da dívida, que hoje é baseada na taxa Selic (15%) acrescida de 2%, resultando em juros anuais de cerca de 17% .

A proposta, segundo fontes próximas à diretoria, é trocar a Selic pelo IPCA como base de cálculo, o que reduziria os juros para aproximadamente 9% ao ano. Especialistas em finanças avaliam que a mudança pode ser benéfica no curto prazo, mas envolve riscos a longo prazo, caso a inflação volte a subir.

“Pode valer a pena para o Corinthians, ao longo do tempo. Mas se trata de uma aposta, até porque é uma renegociação de longo prazo. Daqui a cinco anos, as curvas podem se inverter, exigindo nova negociação”, explicou o consultor financeiro Moises Assayag .

Crise institucional impacta contribuições

A crise política e financeira vivida pelo clube também influenciou no enfraquecimento da campanha. O afastamento do presidente Augusto Melo, após denúncias relacionadas ao ex-patrocinador Vai de Bet, gerou desconfiança e diminuiu o engajamento dos torcedores.

“Foram ótimos números, mesmo sem atingir a meta. Agora, é entender como reaquecer a campanha após crises para que o torcedor continue abraçando o projeto”, avaliou Renê Salviano, CEO da Heatmap.