O Corinthians decidiu afastar o superintendente financeiro Roberto Gavioli após a formalização da denúncia do Ministério Público de São Paulo contra o ex-presidente Andrés Sanchez. A medida, anunciada nesta quarta-feira (15), ocorre em meio às investigações que apontam uso irregular do cartão corporativo do clube durante a gestão de Sanchez.
Anteriormente, Gavioli já havia sido citado pelo MP por suposta omissão diante de práticas consideradas irregulares no uso dos recursos do clube. De acordo com a denúncia, ele tinha a obrigação de fiscalizar, reportar e prestar contas sobre os gastos administrativos, mas deixou de agir conforme as normas internas do Corinthians.
A denúncia, apresentada pelo promotor Cássio Conserino, inclui acusações de apropriação indébita, lavagem de dinheiro e falsidade de documento tributário. Os fatos investigados ocorreram entre 2018 e maio de 2025. Entre os itens comprados com o cartão do clube estão relógios importados, roupas, atendimentos médicos, abastecimentos e até serviços em aplicativos de celular. Em todos os casos, o nome de Andrés Sanchez constava nas notas fiscais dos pagamentos.
O Ministério Público ainda destaca que as condutas apuradas podem enquadrar Sanchez nas sanções previstas pela Lei Geral do Esporte e pela Lei Pelé. Se condenado, ele poderá ficar inelegível para cargos de gestão esportiva por até dez anos, sob acusação de administração temerária.
O clube divulgou um comunicado oficial afirmando que o afastamento de Gavioli é por tempo indeterminado e sem remuneração. Ainda segundo a nota, o Corinthians segue colaborando com o Ministério Público e se colocou à disposição dos seus próprios órgãos internos, como o Conselho Deliberativo e a Comissão de Ética, para fornecer documentos e informações relevantes. “A Diretoria Executiva do Corinthians reforça seu comprometimento na colaboração com as investigações do Ministério Público e dos órgãos internos do clube”.
A defesa de Andrés Sanchez, por sua vez, classificou a acusação como desproporcional e questionou a forma como a denúncia foi apresentada. “A defesa de Andrés Navarro Sanchez, representada pelo advogado Fernando José da Costa, informa que foi surpreendida com o oferecimento de uma denúncia distribuída em apartado, sem juntada ao procedimento investigatório ao qual possui acesso”, afirmou o comunicado. “A defesa destaca, desde já, a inépcia da peça acusatória e o evidente excesso na imputação, reiterando que a inocência de Andrés será comprovada ao longo do processo, agora presidido pelo imparcial Poder Judiciário”.
Andrés Sanchez já havia sido afastado anteriormente, em setembro, do Conselho Deliberativo do Corinthians, também a pedido do Ministério Público. Além dele, outros dois ex-dirigentes – Augusto Melo e Duílio Monteiro Alves – foram mencionados no mesmo processo de apuração.