O Corinthians vive a interseção entre interesse europeu por Yuri Alberto e um acordo de comissionamento que incide sobre eventual venda. O clube detém 50% dos direitos econômicos do centroavante, enquanto o Zenit, da Rússia, possui a outra metade. Além disso, há uma cláusula que reserva prioridade de negociação ao empresário André Cury, com repasse atrelado ao valor recebido.
Ao mesmo tempo, a direção recusou abrir conversas com a Roma, cuja oferta girava em torno de 30 milhões de euros (cerca de R$ 190 milhões). O executivo de futebol, Fabinho Soldado, vinculou a decisão à manutenção do elenco e ao processo de reconstrução em curso, ao explicar a posição do clube sobre Yuri Alberto.
“O Yuri Alberto, e tantos outros… você mantendo jogadores, manutenção do elenco. Yuri, Memphis, Garro… todos os jogadores permaneceram, algumas renovações que estavam tratadas. Estamos preparando o Corinthians, trazendo estrutura para a equipe e clube. Trabalho que se iniciou em 2024, reconstrução do elenco, e ela continua. Nós tivemos nas duas últimas janelas, fizemos duas contratações. Não é porque não tínhamos monitoramento, mas porque a gente passa por alguns momentos difíceis. Eu, como executivo de futebol, não estou para lamentar e sim trabalhar. É com esse entusiasmo que vou até o final”, disse Fabinho.
Questionado sobre a divisão de percentuais do atacante e a parceria com o Zenit, o dirigente indicou que não entraria em minúcias. Entretanto, ele reconheceu a percepção pública de um arranjo próximo ao meio a meio e pediu cautela ao tratar de detalhes contratuais específicos.
“Aparentemente sim, mas são situações que a gente precisa olhar com muito critério. É claro que todo mundo sabe dessa parceria que existiu com o Zenit. Todo mundo fala desse 50% e não tem muito segredo em relação a isso. Mas detalhezinho, te dar 100% de certeza, eu prefiro não me pronunciar sobre isso. Mas como eu te disse, não é muito mistério a questão do Yuri. Todo mundo sabe que existe uma parceria próxima desse meio a meio”.
Segundo o ge, na quinta-feira (11), o Corinthians detém 50% dos direitos do atleta. O clube cedeu a André Cury a prioridade da venda e 10% do que receber em eventual transferência. O acerto foi firmado em 2023, na gestão do ex-presidente Duilio Monteiro Alves. O ex-dirigente comentou a prática.
“99% dos jogadores de um nível médio para cima têm isso. É só perguntar nos clubes. Essa é uma exigência dos atletas e dos empresários para se fecharem com os clubes. Para (o Yuri) vir ao Corinthians, o empresário pediu a exclusividade desde que ele traga proposta”.
O contrato não impede outros intermediários de apresentarem ofertas; porém, se isso ocorrer, Cury deve ser comunicado e comissionado. O agente pode até abrir mão de seus 10% para viabilizar negócio, possibilidade sugerida quando a Roma tentou contratar o camisa 9. Ainda assim, o Corinthians não negociou. Sobre a prática no mercado, o advogado Cristiano Caús ofereceu uma avaliação.
“Essa é uma prática muito comum no mercado e configura comissionamento, não direito econômico. Praticamente todos os clubes do Brasil têm acordos do tipo, e isso também ocorre em outros países”.