A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) reconheceu erros relevantes na arbitragem do clássico entre São Paulo e Palmeiras, disputado no domingo (5 de outubro), no Morumbi, pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro. O árbitro Ramon Abatti Abel e o VAR Ilbert Estevam da Silva foram afastados após avaliação interna da Comissão de Arbitragem, que classificou a atuação da equipe como “falha coletiva”.
Diante da repercussão, a CBF passou a adotar um critério mais objetivo para a escala de árbitros em partidas de alto nível. Para o confronto entre Flamengo e Palmeiras, marcado para o sábado (19 de outubro), às 18h30 (horário de Brasília), a Comissão de Arbitragem informou que utilizará como base as avaliações técnicas dos últimos 90 dias. A escolha deverá recair sobre os árbitros mais bem avaliados nesse período.
O clássico entre Flamengo e Palmeiras, que pode influenciar diretamente a disputa pelo título do Campeonato Brasileiro, também é cercado de tensão nos bastidores. Ambas as diretorias demonstraram preocupação com a condução da arbitragem. Um dirigente rubro-negro afirmou: “Isenta. Eu é sempre o que espero”.
Enquanto isso, fora das quatro linhas, José Boto, diretor técnico do Flamengo, será convocado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) após declarações à imprensa que insinuaram favorecimento ao adversário. A medida se soma a outras ações recentes do tribunal, que já puniu dirigentes por falas similares, como o empresário John Textor e o auxiliar técnico João Martins, do Palmeiras.
O que motivou a atitude da CBF
No clássico Choque-Rei, o principal erro apontado pela entidade foi a não marcação de um pênalti sobre Gonzalo Tapia, quando o São Paulo ainda vencia por 2 a 0. Segundo a análise da CBF, o lance não demandaria sequer a revisão pelo VAR, pois tratava-se de uma infração clara. A ausência de recomendação por parte do árbitro de vídeo agravou a avaliação negativa sobre o episódio.
Além do pênalti ignorado, o São Paulo encaminhou ofício à CBF solicitando os áudios do VAR e listando outros lances que, segundo o clube, impactaram diretamente no resultado da partida. A nota oficial do clube criticou duramente a arbitragem, classificando-a como “prejudicial” e cobrando ações imediatas da Comissão de Arbitragem.
“O mais escandaloso equívoco foi a não marcação de um pênalti claro em Gonzalo Tapia, quando o time são-paulino já vencia o jogo por 2 a 0”, escreveu o clube em sua manifestação pública, cobrando ainda punições a entradas violentas que não resultaram em expulsões.
Em meio ao desgaste, o Palmeiras respondeu com uma nota própria, criticando o que chamou de “reclamações seletivas” e defendendo a profissionalização da arbitragem. Internamente, a diretoria alviverde demonstrou preocupação com a repercussão negativa e pediu à CBF explicações sobre outros lances polêmicos que teriam prejudicado o clube no mesmo confronto.
Por fim, a CBF anunciou que promoverá treinamentos com foco em unificar critérios técnicos entre os árbitros de campo e os operadores de vídeo. O afastamento dos responsáveis por São Paulo x Palmeiras, embora visto como necessário, é tratado apenas como parte de um processo mais amplo de revisão da conduta e estrutura da arbitragem nacional.