O Fluminense ingressou com uma ação na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro contra o Vasco, contestando pontos do Plano de Recuperação Judicial apresentado pelo clube rival. O foco da disputa está nos critérios adotados para o pagamento de débitos reconhecidos pela Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) da CBF.

A iniciativa judicial do clube das Laranjeiras tem como base o entendimento de que o plano vascaíno fere normas da legislação esportiva e empresarial. Segundo os advogados do Fluminense, o Vasco pretende aplicar deságio sobre valores que já foram formalmente homologados pela CNRD, algo que o Tricolor considera indevido dentro do ordenamento jurídico brasileiro.

De acordo com a denúncia apresentada, o Fluminense se posiciona como um dos credores do Vasco, tendo valores a receber que foram reconhecidos pela instância arbitral ligada à CBF. A objeção registrada judicialmente busca a exclusão de cortes nos valores acordados previamente e questiona a legalidade do plano na forma como está estruturado.

“A proposta apresentada pelo Vasco afronta dispositivos legais e contraria decisões que já foram homologadas por órgão competente da CBF”, afirmou a defesa do Fluminense ao apresentar a objeção no processo.

O caso será analisado pela Justiça nos próximos meses, a fim de que as reivindicações dos credores sejam avaliadas antes da realização da assembleia. Até lá, o desdobramento jurídico pode impactar diretamente o formato final do plano a ser aprovado.

Anteriormente, o Vasco havia protocolado o Plano de Recuperação Judicial junto ao Poder Judiciário em 6 de maio, por meio da SAF e do clube associativo. A proposta foi apresentada como uma medida estratégica para enfrentar o passivo acumulado e reorganizar as finanças, com previsão de deliberação futura por parte dos credores em assembleia geral. A diretoria vascaína classificou o plano como “resultado de meses de análises cuidadosas” e reforçou o compromisso com a transparência durante o processo de recuperação.

O cruzamento entre as esferas esportiva e empresarial tornou o embate ainda mais complexo, sobretudo porque envolve decisões tomadas fora do ambiente estritamente futebolístico. Além disso, os clubes se enfrentarão dentro de campo em dezembro, na semifinal da Copa do Brasil, o que adiciona um elemento de rivalidade à disputa jurídica.

Enquanto o Vasco é comandado por Fernando Diniz, técnico com passagem recente pelo Tricolor, o Fluminense está sob a direção do argentino Luis Zubeldía. O momento extracampo, portanto, acaba influenciando indiretamente os preparativos das equipes, que têm objetivos distintos na competição nacional.