Volante do São Paulo, Luan atravessou um ciclo de lesões e incertezas antes de retomar espaço no elenco. Ele machucou a coxa esquerda no primeiro treino de Rogério Ceni, em outubro de 2021, e passou por cirurgia em junho de 2022. Depois, perdeu espaço e foi emprestado ao Vitória em 2024. Na volta, ficou fora dos planos. Hoje, soma cinco jogos sob Hernan Crespo.
Em entrevista ao Players Tribune, o meio-campista relatou a fase mais tensa desse processo. Segundo ele, no início do ano foi avisado de que não fazia parte dos planos e buscou diretamente o diretor Carlos Belmonte e o técnico Luis Zubeldía por uma oportunidade. Além disso, descreveu atitudes que tomou em meio à aflição.
“Nesses dias de aflição, eu fiz umas coisas meio desesperadas. Eu não estava nada bem. Ligava pro Carlos Belmonte, diretor de futebol, e pedia para pelo menos fazer a pré-temporada. Esperava o Zubeldía nos corredores e implorava por uma oportunidade de treinar com o time”, disse.
O jogador também destacou o papel de Luciano na recuperação física e emocional. De acordo com Luan, o atacante o motivava diariamente a comparecer ao CT, o que o manteve no tratamento. Entretanto, o volante afirma que, naquele momento, ia apenas pela insistência do companheiro.
“Quem me deu força nesse tempo foi o Luciano, outro grande amigo que o futebol colocou no meu caminho. Ele me ligava todos os dias às 8h em ponto: ‘Cadê você, Pit? (apelido de Luan). Já tô aqui no CT te esperando. Você vem, né? Tá chegando?’ ”
Após se recuperar, Luan disse ter recebido proposta de um rival do São Paulo, mas ressaltou que não desejava deixar o clube formador. Já naquele período, ele apontou boatos sobre sua permanência e registrou sua posição sobre o tema.
“Muito se falou nessa época. Que eu não queria ficar, que eu não estava focado, que eu estava forçando a barra pra sair. Pô, nada a ver… Eu nunca pensei em deixar o São Paulo, nunca me vi em outro lugar. Como não estava jogando, nem tive a chance de explicar isso para a torcida. Mas a verdade é que, por respeito e gratidão, eu só sairia se fosse um desejo do clube”
A crise atingiu também a saúde mental. Após um jogo do Paulistão, Luciano, Jandrei, Alan Franco e Alisson foram até sua casa. Luan relatou que se trancou no porão e chorou, decidindo iniciar terapia na sequência. Por outro lado, ele afirma que o acompanhamento tem sido importante para compreender dores antigas.
“Foi quando decidi procurar ajuda e comecei a fazer terapia. Sozinho, dificilmente eu sairia do meu porão. Tem sido bom pra mim. Hoje eu entendo que as dores que me derrubaram não vinham só de um pedacinho de osso alojado no músculo da minha perna. São feridas muito antigas, e elas só param de arder se consigo falar sobre elas. Se consigo “elaborar”, como diz a Rosana Costa, minha psicóloga”