A derrota do Juventude para o Fluminense por 1 a 0, na noite de quinta-feira (16), no Maracanã, gerou forte reação dos gaúchos. Revoltados com a arbitragem, os jogadores deixaram o gramado antes do apito final, em protesto contra a decisão que originou o escanteio do gol da vitória carioca.

O lance que gerou a confusão foi a aplicação da regra dos oito segundos contra o goleiro Jandrei, já nos acréscimos da segunda etapa. Com a nova conduta, o Tricolor teve um escanteio a seu favor — que resultou no gol.

A partida foi encerrada após o gol de Thiago Silva, que marcou de voleio após escanteio aos 52′ do segundo tempo. O árbitro Jefferson Ferreira de Moraes validou o tento com o apoio do VAR, e logo em seguida relatou comportamento hostil por parte dos atletas do Juventude, que se recusaram a reiniciar o jogo.

Diante da situação, o juiz optou por encerrar o confronto.

Reclamações sobre o critério e acréscimos

Em entrevista coletiva após a partida, o técnico Thiago Carpini manifestou indignação com a condução da arbitragem e questionou a consistência nos critérios adotados durante os acréscimos.

“Acho que se ele apitar todo o jogo esse tipo de lance de escanteio, todo jogo vai ter que dar muito escanteio. Tenho certeza que se fosse o Fábio, ele não daria (o escanteio). E o critério de acréscimos, temos um minuto no primeiro tempo e oito minutos no segundo. Não teve VAR, não teve atendimento”, criticou o treinador.

O Juventude entende que a decisão de marcar o escanteio após os oito segundos não é adotada de forma regular no campeonato, acentuando a insatisfação dos jogadores e da comissão técnica.

Súmula relata saída de campo e xingamentos

A súmula da partida, divulgada pela CBF, confirmou que os jogadores do Juventude decidiram deixar o campo após a validação do gol do Fluminense. De acordo com o relato oficial, Alan Ruschel e Nenê lideraram a decisão do elenco de não reiniciar a partida.

A declaração atribuída aos atletas foi registrada pelo árbitro: “Vamos sair, não vamos aceitar reiniciar o jogo, vamos sair, acabou”.

O documento também cita ofensas verbais proferidas por Alan Ruschel, que foi expulso por Jefferson Moraes. O capitão precisou ser contido por membros da comissão técnica após se dirigir ao árbitro com palavras de baixo calão.

“Você não contou os 8 segundos, você está de sacanagem, eu sou capitão tenho direito de falar com você, você está de sacanagem, é só com a gente que faz isso”, relatou a súmula. Após ser expulso, o jogador teria completado: “Seu c…, vai se f…”.

O árbitro ainda relatou que precisou ser escoltado pela equipe de segurança até o vestiário.

Situação na tabela e próximos desafios

Com o resultado, o Juventude permanece em situação delicada no Campeonato Brasileiro. A equipe ocupa a 19ª posição, com 23 pontos — sete a menos que o primeiro time fora da zona de rebaixamento, o Santos.

Já o Fluminense chegou aos 41 pontos e ocupa a sétima colocação, dentro da zona de classificação para a próxima edição da Libertadores.

O Fluminense venceu o Juventude por 1 a 0 na noite de quinta-feira (16), no Maracanã, com gol de Thiago Silva no último lance da partida. O zagueiro balançou as redes nos acréscimos e assegurou os três pontos, encerrando uma atuação marcada por dificuldades técnicas e vaias da torcida durante boa parte do confronto.

Após o apito final, o defensor reconheceu o impacto emocional do gol e brincou sobre a tensão que tomou conta da arquibancada até o apito final.

“Eu fico feliz que no final eu pude contribuir, que eles (torcedores) possam voltar para casa com essa alegria de uma vitória no último minuto. Para o cardíaco com certeza é muito mais complicado (risos)”, disse o zagueiro à Amazon Prime.

Apoio à comissão técnica e pedido de paciência

O zagueiro também aproveitou o momento para defender o trabalho do técnico Zubeldía, que ainda busca consolidar suas ideias no elenco. Em meio ao processo de transição, o time apresentou oscilações durante o jogo e foi vaiado por parte da torcida presente no estádio.

“Eu só peço que eles tenham um pouquinho mais de paciência. Estamos em um trabalho novo, implementações de ideias que a gente não estava acostumado. Então, a gente vai errar, porque a gente tem que chegar no final do ano, na semifinal contra o Vasco e fazer um grande desempenho”.

“Para isso, os treinamentos são nossos jogos também, porque a gente não tem muito tempo. Então, um pouquinho mais de paciência com a gente, no momento que a gente erra, a gente não erra porque quer.”

Desde a chegada do comandante argentino, o Flu vem alternando bons momentos com dificuldades em campo. A vitória no fim da partida trouxe alívio e confiança para a sequência da temporada, mas também evidenciou a fase de adaptação.

Desafios pessoais e acolhimento no clube

Thiago também falou sobre os desafios enfrentados fora das quatro linhas. Após longa trajetória na Europa, o defensor lida com o retorno ao futebol brasileiro e com o impacto emocional da distância da família.

“É muito trabalho, é muita dedicação, todos conhecem um pouco da minha história, quando eu falo parece que estou querendo colocar desculpa, mas o fato da família estar longe é muito complicado para mim”.

E completou: “Porém, o grupo, a presidência, o staff novo, têm um acolhimento comigo de uma forma muito legal, e eu procuro retribuir isso tudo dentro de campo, com o apoio do nosso torcedor.”

Com o resultado, o Fluminense encerrou a rodada com mais tranquilidade e se prepara para o clássico contra o Vasco, marcado para segunda-feira (20), às 19h30, novamente no Maracanã.