Em meio às investigações sobre fraudes em empréstimos consignados, o deputado Evair Vieira de Melo (PL) protocolou requerimento na CPMI do INSS. Ele quer convocar Leila Pereira, presidente da Crefisa, para depor em Brasília. O foco é a relação da empresa com a Conafer, alvo da Polícia Federal.
Além disso, outros parlamentares, como Delegado Fábio Costa e Sidney Leite, apresentaram pedidos semelhantes. A CPMI busca esclarecer práticas que afetam milhares de beneficiários desde o início de 2025. A Crefisa administra grande parte dos pagamentos de novos benefícios do INSS desde o leilão de 2024.
Em declaração à coluna, Evair disse que Leila precisa explicar a relação contratual com a confederação. Ele também citou denúncias contra a instituição e o aumento de reclamações de consumidores.
“Ela [Leila Pereira] precisa explicar qual é essa relação contratual. Além disso, a Crefisa já foi denunciada pela OAB-SP e está sob investigação por ter sido vencedora de 5 dos 26 lotes de pagamentos do INSS. Milhares de reclamações estão sendo feitas, inclusive de vendas casadas e, principalmente, por dar crédito não autorizado aos associados em consignados”.
No requerimento, o deputado afirma que a Crefisa figura entre os principais alvos das denúncias que motivaram a CPMI. O texto elenca empréstimos sem autorização, cobranças abusivas, juros altos, serviços impostos e obstáculos para renegociar dívidas. Um caso citado envolve um aposentado que recebeu R$ 4,3 mil sem solicitar e foi cobrado em 12 parcelas de R$ 914.
Depois, as apurações alcançam a Conafer. A Polícia Federal a identificou entre as entidades com maior volume de descontos em mensalidades de aposentados. Entre 2019 e 2024, o esquema investigado somou R$ 6,3 bilhões. Relatório do Coaf registrou R$ 796,8 milhões em transações atípicas entre 2022 e 2025. A Operação Sem Desconto foi deflagrada em abril de 2025.
Também cresceu o volume de queixas contra a Crefisa. A Secretaria Nacional do Consumidor informou que as reclamações dobraram entre 2024 e 2025, somando 15 mil até agosto. O Banco Central relatou R$ 25 bilhões em pagamentos processados e denúncias em pelo menos 10 estados.
Por fim, o INSS suspendeu preventivamente os contratos com a Crefisa em agosto de 2025. A medida impede novos pagamentos até a conclusão das apurações. A CPMI analisa mais de 50 requerimentos e estima prejuízos de R$ 3 bilhões. Propostas incluem confirmação biométrica para autorizar descontos.