Após quase um ano de investigações, a Polícia Militar prendeu na quarta-feira (1º) o 24º integrante da Mancha Alviverde acusado de participar da emboscada que resultou na morte do cruzeirense José Victor Miranda. A ação ainda feriu outros 15 torcedores, em Mairiporã, na Grande São Paulo.
A prisão foi realizada na Zona Oeste da capital paulista. Alexandre Santos Medeiros foi identificado como um dos envolvidos no ataque ocorrido em 27 de outubro de 2024.
A ação criminosa teve como alvos membros da Máfia Azul, principal torcida organizada do Cruzeiro. O confronto aconteceu na Rodovia Fernão Dias, onde torcedores do Palmeiras atacaram ônibus com paus, pedras, bolas de bilhar, rojões e outros objetos.
Alguns veículos foram incendiados, e José Victor morreu carbonizado no interior de um dos ônibus, segundo o laudo pericial.
Acusados responderão por homicídio
Ao todo, 42 torcedores palmeirenses foram identificados e denunciados pelo Ministério Público de São Paulo. Todos se tornaram réus por crimes como homicídio qualificado, tentativa de homicídio, incêndio criminoso e tumulto esportivo, de acordo com a Lei Geral do Esporte.
Do total, 20 acusados já tiveram decisão da Justiça para irem a júri popular. Outros 22 ainda aguardam audiência de instrução, marcada para dezembro, que definirá se também serão julgados.
Os processos foram desmembrados para facilitar a tramitação. Entre os envolvidos estão ex-líderes da torcida organizada, como Jorge Luiz Sampaio Santos, então presidente da Mancha, e Felipe dos Santos, o “Fezinho”, ex-vice-presidente.
Dentre os 20 já encaminhados a júri, 17 estão presos e três continuam foragidos. Os demais 22 acusados somam sete presos e 15 foragidos.
Defesa alega inocência e questiona provas
Os advogados de defesa dos réus afirmam que há inconsistências na acusação. Gilberto Quintanilha, defensor de Alexandre Medeiros e outros 15 torcedores, declarou que “a conduta de cada réu precisa ser individualizada” e criticou a generalização na denúncia.
Outro advogado, Victor Martinelli Paladino, argumentou que seu cliente foi apenas convidado para um churrasco e não participou de nenhum ato violento. Jorge Santos, ex-presidente da Mancha, também pede esclarecimentos sobre sua suposta participação.
Justiça e sociedade cobram responsabilização
As imagens da emboscada, gravadas pelos próprios torcedores palmeirenses e divulgadas nas redes sociais, serviram como provas fundamentais para a Polícia Civil identificar os envolvidos.
A data do júri popular dos primeiros 20 acusados ainda será definida. As audiências dos demais 22 réus acontecerão por videoconferência nos dias 15, 16 e 17 de dezembro, e poderão resultar em novas remessas ao tribunal do júri.