Em meio a um cenário de instabilidade administrativa e financeira no São Paulo, o empresário Diego Fernandes articula uma possível entrada como investidor no clube. Fundador da O8 Partners, Fernandes já obteve aval de um banco brasileiro e de investidores ligados ao Tricolor para viabilizar o aporte, mesmo enfrentando resistências internas à transformação do modelo associativo da instituição.
Aliás, o São Paulo atravessa um momento delicado. A eliminação na Libertadores acentuou a pressão sobre a diretoria, que lida com uma dívida superior a R$ 1 bilhão. A única alternativa concreta da gestão de Julio Casares tem sido explorar mecanismos financeiros como o FIDC e o FIP. Este último prevê arrecadação de até R$ 250 milhões, com parte dos recursos voltados à infraestrutura e outra ao pagamento de débitos. No entanto, a proposta fragmenta a posse sobre as categorias de base, o que pode dificultar a entrada de novos investidores com intenção de controle mais amplo.
Enquanto isso, Fernandes, são-paulino declarado, intensifica seu movimento de aproximação. Sua equipe já realiza pesquisas presenciais com torcedores no Morumbis para medir a aceitação de sua eventual gestão. O empresário avalia a receptividade popular e estuda caminhos viáveis dentro da estrutura política do clube, considerada o maior desafio para uma possível mudança institucional.
“Queremos entender o que os torcedores pensam do futuro do São Paulo e qual o modelo de clube que eles desejam apoiar”, afirmou Fernandes a interlocutores próximos durante uma das ações recentes no estádio.
Com trajetória sólida no setor financeiro, Fernandes atua como CEO da O8 Partners, empresa especializada em gestão de patrimônio de atletas. Entre seus mais de 100 clientes estão nomes como Neymar e Vinícius Júnior. Além disso, foi responsável por intermediar a negociação entre Carlo Ancelotti e a CBF, ação que lhe rendeu notoriedade no mercado e uma comissão estimada em € 1,2 milhão.
Contudo, a relação com o clube não seria inédita. Em 2014, Fernandes idealizou o projeto Panela FC, que pretendia comercializar cotas de atletas com torcedores, inspirado no modelo acionário. A proposta, no entanto, foi barrada pela CVM. O histórico reforça o perfil de investidor arrojado e interessado em conectar esporte e mercado financeiro.
Por ora, a gestão tricolor mantém como prioridade o acordo com a Galápagos Capital, que lidera o atual fundo em curso. O grupo de Fernandes, nesse cenário, surge como uma alternativa paralela, ainda sem sinal verde institucional para avançar. Apesar disso, o interesse do empresário e sua movimentação nos bastidores colocam em evidência a disputa por influência no futuro do São Paulo.