O São Paulo intensificou o uso das categorias de base para aliviar as contas em um cenário financeiro adverso. Em 2024, a dívida alcançou R$ 962,2 milhões, com déficit de R$ 287 milhões, e o clube sofreu um transfer ban por débito com o Cerro Porteño. A diretoria trata a base como ativo central para gerar receita e conter a pressão que se aproxima de R$ 1 bilhão.
Além disso, o clube firmou um FIDC gerido pela Galápagos Capital e precisa apresentar superávit em 2025. O plano previa captar R$ 240 milhões no fundo. No orçamento anual, a estimativa foi de receita de cerca de R$ 860 milhões e superávit de R$ 44,8 milhões. Para cumprir metas, o São Paulo reduziu gastos com reforços e priorizou oportunidades sem custo de transferência.
O movimento resultou em seis vendas em definitivo de atletas formados em Cotia nesta temporada, com arrecadação de pouco mais de R$ 203 milhões. Foram negociados Lucas Ferreira (Shakhtar), William Gomes (Porto), Matheus Alves (CSKA), Henrique Carmo (CSKA), Ângelo (Strasbourg) e Lucas Loss (Midtjylland). Houve ainda o empréstimo de Moreira ao Porto, com opção de compra.
Entre os principais valores, Lucas Ferreira saiu por 10 milhões de euros, enquanto William Gomes foi vendido por 9 milhões de euros, com potencial de mais 1 milhão em bônus. Já Matheus Alves deixou o clube por 6 milhões de euros. Segundo as fontes, as transações preveem metas que podem elevar o montante final.
No caso de Henrique Carmo, a negociação com o CSKA foi fechada por R$ 32,5 milhões, com possibilidade de mais US$ 1 milhão em bônus, e contrato de três anos. Ângelo foi acertado por 5 milhões de euros, com 2 milhões de euros adicionais atrelados a objetivos, e Lucas Loss rendeu 200 mil euros. Moreira foi cedido ao Porto com opção de compra de 2 milhões de euros por 50% dos direitos.
Em diversas operações, o São Paulo não detinha 100% dos direitos econômicos. O clube arrecadou 90% da venda de Matheus Alves, 85% da de Henrique Carmo e 80% da cota fixa de Lucas Ferreira. Por sua vez, manteve percentuais de revenda: 20% de Henrique Carmo, 12,5% de Ângelo e 10% de Lucas Loss.
Apesar do esforço, a soma com seis atletas não superou uma única venda do Palmeiras. Em janeiro, o adversário negociou Vitor Reis ao Manchester City por 35 milhões de euros (R$ 220,2 milhões). Já as saídas de Estêvão, Luis Guilherme e Kevin levaram o total alviverde a R$ 459 milhões, com possibilidade de R$ 612 milhões. O Flamengo arrecadou R$ 253 milhões nas últimas três vendas, com chance de R$ 281 milhões em variáveis.
As negociações com a base já ultrapassaram a meta de R$ 155 milhões prevista pelo São Paulo para vendas de atletas em 2025. Ao todo, considerando todas as saídas do ano, o clube soma R$ 246,49 milhões, provenientes de 19 operações. Foram oito vendas em definitivo, três empréstimos remunerados e sete receitas via mecanismo de solidariedade, com casos envolvendo Antony, Lucas Perri, Emerson Royal e Ederson.
No mercado, a diretoria tem evitado pagar por transferências. Chegaram Oscar, Wendell, Juan Dinenno, Cédric Soares, Rafael Tolói, além de Enzo Díaz e Gonzalo Tapia por empréstimo, e Mailton, que devia ao clube. Até aqui, o São Paulo é o único do Brasileirão que não gastou com reforços.