O São Paulo abriu vantagem de 2 a 0 no primeiro tempo diante do Palmeiras, no domingo (05 de outubro), em jogo válido pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro. Atuando no Morumbis, a equipe tricolor dominou os 45 minutos iniciais, com gols de Luciano e Gonzalo Tapia. No entanto, a reação palmeirense no segundo tempo culminou na vitória por 3 a 2 e no retorno do time alviverde à liderança da competição.
A virada do Palmeiras, construída com gols de Vitor Roque, Flaco López e Ramón Sosa, não foi o único elemento que chamou a atenção dos torcedores. A arbitragem de Ramon Abatti Abel se tornou o principal alvo de críticas por parte dos são-paulinos. Diversos lances geraram protestos, incluindo um possível pênalti em Tapia não marcado e a ausência de expulsão em jogada envolvendo atletas palmeirenses.
A repercussão foi imediata nas redes sociais, onde a insatisfação foi amplamente registrada. A publicação do jornalista Ivan Moré, por exemplo, questionou a narrativa da virada: “Virada épica do Palmeiras… Não dá pra escrever ‘virada épica do Ramon Abatti Abel’?”. Já João Pedro Sgarbi ironizou a atuação do árbitro ao escrever: “Boa, Ramon Abatti Abel! Conseguiu!”.
A insatisfação se estendeu ao clube. Embora tenha tido acesso aos áudios do VAR no Fórum Permanente da CBF na segunda-feira (06 de outubro), o São Paulo foi informado de que o material não seria disponibilizado publicamente. A Comissão de Arbitragem justificou a decisão com o argumento de que as imagens seriam utilizadas apenas para fins de treinamento interno.
Segundo a ESPN, os responsáveis pelo VAR alegaram que Tapia não alcançaria a bola no lance contestado e que o escorregão de Allan foi acidental, motivo pelo qual não houve intervenção do árbitro de vídeo. Além disso, sobre uma dividida de Andreas com Marcos Antônio, a justificativa foi de que o jogador palmeirense teria tocado primeiro na bola.
A atuação da arbitragem também foi criticada por especialistas. O ex-árbitro e comentarista Carlos Eugênio Simon afirmou: “Pênalti claro e não marcado para o São Paulo. Allan escorrega e acerta Tapia. Sem querer é falta. Dentro da área é pênalti. O árbitro não marcou, VAR não interveio e errou a arbitragem”.
O São Paulo foi à CB, mas viu o Palmeiras rebater com provocação. O Alviverde emitiu um comunicado falando de uma ‘virada épica’ por ter saído atrás do marcador e pontuou o desejo de clubes de ‘instaurar o caos’ para se beneficiar dele. Além disso, o clube pediu medidas ao STJD contra “aqueles que, de forma irresponsável, lançam suspeitas indevidas sobre pessoas e instituições”.
Veja nota do Palmeiras
“A Sociedade Esportiva Palmeiras vê com preocupação a pressão descomunal que alguns clubes têm exercido publicamente, e também nos bastidores do futebol brasileiro, com o intuito de instaurar o caos, beneficiando-se dele para coagir entidades e indivíduos em busca de vantagens futuras e criando narrativas que tentam macular o competente trabalho realizado pela nossa institutição.
É demasiado cômodo creditar a uma decisão do árbitro – e somente a ela – uma virada épica, conquistada com o gosto do suor e de três gols anotados em um intervalo de 19 minutos. Até porque também houve marcações da arbitragem desfavoráveis ao Palmeiras, como as não expulsões do meio-campista Bobadilla e do zagueiro Alan Franco, que desferiu uma cotovelada no rosto do atacante Ramon Sósa em um lance sonegado pelo VAR – e ignorado pelos hipócritas da ocasião.
Cabe salientar que, mesmo quando se sente prejudicada, a diretoria do Palmeiras raramente se manifesta em público sobre o tema arbitragem, pois respeita os fóruns de discussão adequados e, acima de tudo, não terceiriza sua responsabilidade nos momentos adversos. Essa postura, por sinal, ajuda a explicar o sucesso que temos obtido ao longo dos últimos anos: olhamos sempre para nós mesmos e trabalhamos sem buscar subterfúgios nem construir desculpas para as nossas derrotas.
O Palmeiras, como se sabe, é amplamente favorável à profissionalização dos árbitros e defende mais investimentos em tecnologia e na formação da categoria, entre outras melhorias. O nosso compromisso com o desenvolvimento do futebol brasileiro está acima de qualquer interesse individual. Por essa razão, aliás, o Palmeiras, entre os candidatos ao título da Série A, será o único clube a atuar durante a atual Data Fifa, mesmo com a equipe extremamente desfalcada em razão de atletas convocados para suas seleções.
Compreendemos que o crescimento coletivo da nossa indústria exige renúncias, espírito de colaboração e o fim do egoísmo que, lamentavelmente, ainda norteia a conduta de dirigentes que ora apelam à gritaria, ora recorrem a acusações sem provas para justificar resultados negativos. Neste sentido, esperamos que o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) seja enérgico com aqueles que, de forma irresponsável, lançam suspeitas indevidas sobre pessoas e instituições”, disse a nota.