A declaração de PVC direcionada a Tite

A decisão de Adenor Leonardo Bachi, o Tite, de interromper sua trajetória no futebol por tempo indeterminado expôs um tema ainda pouco discutido entre os profissionais do esporte: a saúde mental. O treinador era aguardado no Corinthians para reassumir o comando técnico do clube, surpreendeu a todos ao recusar o convite e anunciar a pausa ainda nesta terça-feira (22). O caso gerou repercussões diversas, mas, na avaliação do jornalista Paulo Vinicius Coelho, esse movimento representa um ato de coragem, não de fraqueza.

Na manhã desta terça-feira (22), Tite tinha reunião marcada com dirigentes do Corinthians, que o aguardavam para iniciar oficialmente sua terceira passagem pelo clube. Internamente, a expectativa era de que ele já comandasse a equipe no treino do dia e estivesse à beira do gramado na partida contra o Liverpool-URU, marcada para quinta-feira (24), pela Copa Sul-Americana.

Entretanto, o anúncio inesperado interrompeu esse planejamento. “Como se tornou público, havia uma conversa em andamento com o Corinthians, mas ela precisará ser paralisada por uma decisão difícil, mas necessária”, escreveu Tite em suas redes sociais.

Segundo informações veiculadas pelo portal “ge”, o treinador teria enfrentado uma crise de ansiedade na noite anterior, o que contribuiu diretamente para sua escolha. A declaração oficial enfatizou que o momento exige atenção à própria saúde:

“Entendi que existem momentos em que é preciso compreender que, como ser humano, posso ser vulnerável e admitir isso certamente irá me tornar mais forte”, afirmou o técnico em nota.

PVC: coragem em tempos de pressão

A coluna de Paulo Vinicius Coelho, publicada nesta terça-feira (22), se debruçou sobre o gesto de Tite e trouxe uma abordagem contundente sobre a seriedade da decisão. “O assunto é sério”, escreveu PVC, ao destacar que é comum interpretações equivocadas diante de atitudes que rompem com a lógica da competitividade contínua. Para o jornalista, o recuo não deve ser visto como fuga, mas como sinal de responsabilidade com a própria integridade física e emocional.

PVC recordou que, entre os que estiveram próximos do treinador, é consenso que Tite nunca superou plenamente as eliminações da Seleção Brasileira nas Copas de 2018 e 2022. Observadores mais atentos notaram mudanças em seus gestos e atitudes, indicando um desgaste acumulado. Portanto, a decisão de interromper a carreira se apresenta como um desabafo de alguém que, segundo o colunista, escolheu priorizar sua condição humana em vez de ceder à pressão institucional.

Comparações e reflexões

Aliás, a atitude de Tite foi comparada por PVC à escolha de Simone Biles, ginasta norte-americana que, durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, abriu mão das finais para preservar sua saúde mental. “Certamente haverá quem pense que o treinador foge do compromisso com o Corinthians. Não parece ser este o caso”, argumentou o colunista, ao defender que a pausa de Tite deve ser respeitada — e, mais que isso, entendida como necessária e reveladora.

Conforme o jornalista ressaltou, o futebol ainda é um ambiente onde a vulnerabilidade costuma ser associada à fraqueza. Nesse sentido, atitudes como a de Tite surgem como contraponto essencial para ampliar a discussão sobre o bem-estar dos profissionais envolvidos no esporte. “A coragem está em admitir os próprios limites”, concluiu PVC.

Repercussão no Corinthians

Internamente, a notícia caiu como uma surpresa no Parque São Jorge. Tite era considerado o plano A da diretoria após a demissão do argentino Ramón Díaz. A equipe já trabalhava com a expectativa de sua chegada imediata. No entanto, diante da recusa, o Corinthians deve retomar a busca por um novo técnico. Por ora, Orlando Ribeiro permanece como interino.