CBF ganha “dor de cabeça” no início do Brasileirão

A comissão de arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) avaliou de maneira positiva o início dos trabalhos dos árbitros na atual edição do Campeonato Brasileiro. Conforme apuração da entidade, apenas cinco erros de interpretação foram registrados nas primeiras cinquenta partidas do torneio, o que, segundo a comissão, representa um índice bastante baixo diante da complexidade e do volume de decisões tomadas em campo.

De acordo com a análise da CBF, os árbitros costumam tomar cerca de 30 decisões importantes por partida. Assim sendo, o total de 1.500 lances analisados resultou em apenas cinco equívocos interpretativos, o que representa uma taxa de 0,3% de erro.

“Não identificamos nenhuma falha grosseira, apenas situações em que a decisão poderia ter sido diferente com base em outra interpretação”, explicou a comissão.

Ainda segundo o órgão, essa margem é considerada aceitável e demonstra uma evolução em relação ao desempenho dos árbitros nos anos anteriores. O posicionamento oficial defende que críticas mais duras não refletem a realidade técnica das atuações dos profissionais escalados até o momento.

Relatórios paralelos e comitê de especialistas

Paralelamente ao trabalho da comissão da CBF, um comitê de especialistas internacionais — com perfil consultivo — também tem emitido relatórios sobre os jogos. Este grupo, que conta com ex-árbitros renomados como Néstor Pitana, Nicola Rizzoli e Sandro Meira Ricci, identificou quatro erros relevantes até aqui.

Os casos envolvem dois pênaltis não assinalados no clássico Gre-Nal e no San-São, ambos na 5ª rodada, além de um pênalti a favor do Palmeiras contra o Sport e a expulsão de um zagueiro do Cruzeiro, ambos na 2ª rodada. Um quinto lance analisado pelo comitê não foi detalhado publicamente.

Contudo, o erro cometido no jogo entre Santos e São Paulo, envolvendo um pênalti não marcado sobre Matheus Alves, não foi classificado como grave pelos especialistas, por se tratar de uma jogada considerada difícil de julgar.

Apesar disso, é importante frisar que as conclusões do comitê internacional não são vinculantes. “Os relatórios servem como referência, mas não determinam a avaliação final sobre escalas ou sanções”, explicou um membro da comissão.

Medidas corretivas e afastamentos

A fim de garantir a evolução contínua dos árbitros, duas equipes de arbitragem, incluindo assistentes e operadores do VAR, foram afastadas após a segunda rodada para realização de treinamentos específicos. Um terceiro árbitro também passou pelo mesmo processo após a quinta rodada, embora sua identidade não tenha sido divulgada pela CBF.

Diretrizes e mudanças na gestão

Atualmente, a comissão de arbitragem é liderada por Rodrigo Martins Cintra, que assumiu o posto em 2025 após a saída de Wilson Seneme. Seneme havia permanecido três anos no cargo, mas foi desligado em meio à pressão de clubes e federações. A nova gestão tem adotado uma linha de orientação mais clara: reduzir as interrupções por contatos mínimos e manter a interferência do VAR ao mínimo necessário.

Essa nova diretriz visa deixar o jogo mais fluido, ainda que ocasionalmente acarrete decisões discutíveis. “Há uma orientação para não marcar faltas e pênaltis em qualquer contato sutil, o que representa uma mudança importante na condução das partidas”, explicou a comissão.

Contexto e perspectivas

Embora parte da torcida manifeste insatisfação com decisões pontuais, o entendimento da CBF é de que, no conjunto da obra, a arbitragem tem se mostrado tecnicamente satisfatória. “A atuação dos árbitros neste início de Campeonato Brasileiro é, sem dúvida, superior à do ano passado”, declarou a entidade.