Brasileirão

Jogador preso nega ter cometido racismo em jogo do Brasileirão

O meia boliviano Miguel Ángel Terceros Acuña, conhecido como Miguelito e atualmente emprestado pelo Santos ao América-MG, negou veementemente ter cometido injúria racial contra o atacante Allano, do Operário-PR. O caso aconteceu no domingo (04), durante partida válida pela Série B, em Ponta Grossa. Após a acusação feita em campo, o jogador foi detido em flagrante e liberado apenas após audiência de custódia na tarde de segunda-feira (05).

Segundo os documentos obtidos, Miguelito declarou que, no momento da confusão, proferiu a expressão “merda do caralho” em um misto de português e espanhol. O termo teria sido direcionado à arbitragem, conforme relatado pelo próprio atleta, por conta de faltas que considerava equivocadas.

“Primeiro falei ‘cagão’, pela falta. Mas não foi para o jogador, foi para o juiz, que estava dando umas faltas que a gente chama sem sentido, quando vamos trombar com os caras”, afirmou.

O meia detalhou que usou a expressão mencionada após uma sequência de lances ríspidos. Ainda de acordo com seu depoimento, não teria direcionado insultos diretamente ao adversário. “Não falei mais nada. Quando eu viro a cabeça pra ele, eu não falo nada. Como eu falei devagar, nem olhava pra ele”, declarou.

Ele também alegou ter se surpreendido com a reação de Allano, que o acusou de ter dito “preto do caralho”. “Eu olho para ele com cara de quem não estava entendendo o que ele estava falando. Aí chegou o companheiro dele e começou todo mundo a chegar perto, a briga e parou o jogo.”

Em sua fala, Miguelito reiterou que jamais utilizou a expressão com conotação racial. “Sim, eu nego que tenha falado ‘preto do caralho’. Eu só falei isso [‘merda do caralho’]”, insistiu. Segundo seu relato, Allano já se mostrava exaltado antes mesmo da troca de palavras e teria interpretado mal o que foi dito, ao associá-lo a um insulto racial.

O árbitro Alisson Sidnei Furtado, responsável pela condução da partida, informou na súmula que nenhum integrante da equipe de arbitragem testemunhou ou ouviu o suposto episódio. Apesar disso, o protocolo antirracismo foi acionado, resultando na paralisação do jogo por cerca de 15 minutos.

A Polícia Civil segue apurando os fatos, buscando imagens complementares junto aos canais de transmissão da partida para esclarecer o caso sob diferentes ângulos. A ausência de flagrante visual direto torna as declarações dos envolvidos ainda mais relevantes para o inquérito.

Enquanto isso, o Operário emitiu nota oficial em apoio ao seu atacante. Allano classificou o episódio como “revoltante” e “inaceitável”. Segundo o atleta, “ser ofendido pela cor da minha pele é algo doloroso”. Ele também se comprometeu a não se calar diante do que descreveu como um ato de violência racial.

Ana Teixeira

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