Atitude de Vitor Roque nos bastidores foi fundamental para sua recuperação no Palmeiras

O momento atual de Vitor Roque no Palmeiras é reflexo direto de uma combinação de fatores estruturais, emocionais e humanos. Aos 20 anos, o centroavante vive a fase mais produtiva desde sua chegada ao clube alviverde, tendo marcado gols em três partidas consecutivas. Esse desempenho, entretanto, não veio por acaso. Ele é resultado de um processo que envolveu apoio psicológico, confiança do treinador Abel Ferreira e acolhimento coletivo do elenco.

Desde que retornou ao futebol brasileiro, após não conseguir se firmar no Barcelona e ser emprestado ao Real Betis, Roque encontrou desafios. Foram 12 jogos até marcar seu primeiro gol válido pelo Palmeiras — um momento que rompeu a barreira emocional e marcou o início de uma guinada. Aliás, antes disso, dois tentos haviam sido anulados, o que intensificou a pressão e a ansiedade sobre o jovem atleta.

Esse cenário exigiu paciência e atenção. Abel Ferreira e seus auxiliares passaram a reforçar um ambiente de tranquilidade, compreendendo o impacto psicológico enfrentado por jogadores em adaptação. Nesse contexto, a psicóloga Gisele Silva teve papel determinante. Profissional com longa trajetória no clube, ela atua de maneira alinhada ao técnico e oferece suporte para os atletas.

“Ela me ajuda bastante, tem umas técnicas que usamos”, revelou o atacante, ao lembrar o jogo contra o Cerro Porteño, quando buscou conselhos diretamente com Gisele antes da partida.

A estratégia específica para o camisa 9, no entanto, é mantida em sigilo. O que se sabe é que o diálogo com a psicóloga e a construção de um ambiente seguro foram fundamentais para restaurar sua confiança. Esse suporte emocional também se refletiu dentro de campo, com o próprio técnico exaltando sua postura em momentos críticos.

Após a partida no Paraguai, na qual Vitor marcou o segundo gol e garantiu a vitória que levou o Palmeiras às oitavas da Libertadores, Abel fez questão de destacar: “Resiliência, foi o que vocês viram. Cabeça na parede, o que faço agora? Continuar, continuar, e aos 90 e poucos consegue”.

Além do trabalho nos bastidores, o comportamento do grupo também tem contribuído. A cada gol de Roque, a comemoração dos companheiros torna-se mais efusiva, com abraços e gestos de incentivo que revelam o espírito coletivo.

Figuras como Lucas Evangelista e Bruno Fuchs ressaltaram que não há vaidade no elenco, o que reforça um ambiente propício ao crescimento individual. Tal atmosfera permite que a responsabilidade ofensiva seja compartilhada — outros nomes como Emi Martínez, Richard Ríos, Gómez, Estêvão, Facundo e Flaco também vêm marcando, o que alivia a carga sobre os atacantes de referência.

O desempenho de Vitor Roque no Palmeiras, aliás, já supera o que apresentou pelo clube espanhol: são três gols em 15 jogos com a camisa alviverde, contra dois em 16 partidas no Barcelona. Apesar da melhora, o próprio atleta mantém os pés no chão.

“Futebol é sempre sequência. Às vezes eu marco, estou feliz. Se passo um, dois, três jogos sem marcar, volta aquela pressão, mas atacante é assim, vive de gols”, comentou o jogador.

Assim, o atual protagonismo de Vitor Roque não pode ser dissociado do suporte recebido em todas as esferas do clube. Ao lado da comissão técnica e do elenco, o trabalho psicológico mostra-se tão fundamental quanto os treinamentos táticos e físicos.