Renato Gaúcho faz pedido aos torcedores do Fluminense

O técnico Renato Gaúcho saiu em defesa do elenco do Fluminense após a vitória por 2 a 0 sobre o Unión Española, na noite de quarta-feira (14), no Maracanã, pela Copa Sul-Americana. Mesmo com o triunfo, que recolocou o Tricolor na liderança do Grupo F, o time foi vaiado por parte da torcida, o que motivou uma resposta enfática do comandante em entrevista coletiva.

Durante sua fala, o treinador destacou a importância do resultado e analisou o desempenho da equipe. Segundo ele, o primeiro tempo foi abaixo do esperado, com muita pressa nas tomadas de decisão. “Nos precipitamos muito. Queríamos definir cada jogada rapidamente.

No segundo tempo, tivemos mais paciência, e os gols saíram naturalmente”, avaliou. Ainda de acordo com Renato, o Fluminense controlou as ações e permitiu apenas uma finalização ao goleiro Fábio.

Apesar da vitória, o ambiente nas arquibancadas foi de insatisfação. Diante disso, o técnico pediu reflexão aos tricolores. “Será que está tão ruim assim? Estamos em três competições. Dependemos só de nós para passar na Sul-Americana, estamos a um empate da próxima fase da Copa do Brasil e somos o quinto colocado no Brasileiro. O que vocês querem?”, questionou.

O treinador também lembrou que todos os clubes enfrentam dificuldades. Como exemplo, citou o Palmeiras, atual líder do campeonato nacional, que também precisa evoluir. “Todos têm problemas. Nós também, claro. Precisamos melhorar, sim, mas não vejo motivo para esse grau de cobrança exagerada”, declarou.

Aliás, Renato também apontou que a expectativa de parte da torcida de ver sempre um espetáculo no Maracanã prejudica a análise do que ocorre em campo. “Acham que é goleada, que é show. Mas é só assistir aos outros jogos, especialmente os dos times brasileiros. A Sul-Americana está nivelada”, disse.

O técnico ressaltou que o Fluminense é, no momento, o melhor classificado entre os brasileiros na competição continental.

O treinador também revelou bastidores do elenco. Renato Augusto, por exemplo, seria uma das opções para o ataque, mas passou mal antes da partida e acabou ficando no banco. Keno, que voltou de lesão, foi acionado por ser o único jogador com capacidade de driblar no elenco.

Sobre a utilização de Ganso, ele negou qualquer insatisfação do meia ao ser substituído, mas reforçou que decisões técnicas são necessárias. “Às vezes o jogador está bravo com ele mesmo, não comigo. Faz parte.”

Outro ponto abordado foi o pênalti desperdiçado por Everaldo. Renato explicou que há uma lista de cobradores, mas que a decisão final cabe aos próprios jogadores em campo. “Eles treinam todos os dias. Eu deixo que conversem entre si e decidam. Não adianta forçar um atleta a bater se ele não está confiante”, comentou, isentando o jogador de culpa.

Aos que criticam escolhas táticas ou mudanças, Renato foi categórico ao dizer que não é possível montar um time com onze titulares fixos devido ao desgaste. “Tenho um grupo, não um time. Ninguém tem cadeira cativa. Quem não começa jogando pode entrar a qualquer momento. Temos jogo atrás de jogo e precisamos de todos em boas condições”, afirmou.

Renato também mencionou a pressão de trabalhar em um ano eleitoral, apontando que, mesmo com vitórias, nem todos ficarão satisfeitos. “Com cinco minutos de jogo, já tem vaia. É perigoso trabalhar assim”, alertou, reforçando que seu foco é passar confiança aos atletas, mesmo os criticados.

“Se toda vez que a torcida pegar no pé de alguém eu tirar o jogador, vou precisar de 500 no elenco.”

O Fluminense voltará a campo no domingo (18), às 16h, quando enfrentará o Juventude, pelo Campeonato Brasileiro. No meio da próxima semana, decide a classificação para as oitavas da Copa do Brasil, fora de casa, contra a Aparecidense. Na Sul-Americana, a vaga direta será decidida na última rodada, novamente no Maracanã, contra o Once Caldas.