Leila Pereira, do Palmeiras, apoia mudança no futebol brasileiro

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, anunciou apoio formal à candidatura de Samir Xaud para a presidência da Confederação Brasileira de Futebol. A decisão da dirigente foi tomada após diálogos com os dois concorrentes que disputavam o comando da entidade, sendo justificada pela convergência de ideias entre sua gestão e a proposta liderada pelo dirigente da Federação Roraimense de Futebol.

“Conversei com os dois candidatos à presidência da CBF e entendi que as propostas da chapa do Samir Xaud são as melhores para o crescimento do futebol brasileiro”, afirmou Leila por meio de nota oficial.

Entre os principais pontos destacados por ela estão a criação de uma liga independente organizada pelos clubes, a revisão dos estaduais e, sobretudo, a adoção do Fair Play Financeiro.

O apoio de 25 federações estaduais e 10 clubes à chapa de Xaud inviabilizou a inscrição da candidatura de Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista. Mesmo com a maioria dos clubes das Séries A e B apoiando Bastos, o Palmeiras seguiu caminho distinto, assim como Grêmio, Botafogo, Vasco, Remo, Volta Redonda, Paysandu e Athletic .

Contradições na pauta do Fair Play e discurso de renovação

Apesar de Leila ter como pauta central o Fair Play Financeiro, Xaud ainda não apresentou de forma clara como pretende regulamentá-lo. Durante participação no Charla Podcast, o candidato não detalhou qualquer plano objetivo sobre o tema.

Ao ser questionado sobre punições a clubes inadimplentes, limitou-se a dizer: “É um assunto importante. Acho que tem de haver. A gente sabe que o que move o futebol é o dinheiro. É difícil competir com clubes que têm muito mais recursos”.

Quando Beto Junior, apresentador do podcast, exemplificou com situações práticas como atrasos salariais e dívidas com outros clubes, sugerindo a perda de pontos como sanção, Xaud respondeu que é necessário abrir diálogo entre os agentes do futebol para se chegar a um consenso.

Embora tenha afirmado que o tema “faz sentido”, a ausência de propostas concretas levantou críticas sobre a real prioridade do tema dentro de sua gestão futura.

Fair Play Financeiro, na visão defendida por Leila, envolve sanções a equipes que gastam mais do que arrecadam ou que mantêm dívidas recorrentes com atletas, comissões técnicas ou outros clubes. “Clubes que atrasam salários e seguem competindo em igualdade criam distorções inaceitáveis”, disse ela em entrevista anterior à ESPN.

Renúncia à maioria e defesa por renovação no comando da entidade

Leila, ao justificar sua dissidência do apoio majoritário a Reinaldo Bastos, afirmou que não há obrigação de seguir a escolha da maioria. “Tenho grande respeito pelo Reinaldo e pelo trabalho da Federação Paulista, mas o Palmeiras escolheu o caminho que entende ser o melhor para o futebol brasileiro, que precisa urgentemente de renovação”.

Samir Xaud, médico de 41 anos, apresentou sua candidatura em evento realizado no domingo (18 de maio). Na ocasião, também anunciou Michelle Ramalho, presidente da Federação da Paraíba, como primeira mulher a compor uma chapa para a vice-presidência da CBF. A composição simboliza, segundo ele, uma tentativa de renovar os quadros da entidade e incluir vozes femininas na gestão do futebol nacional .

Histórico de Leila na defesa de pautas institucionais

Desde que assumiu o comando do Palmeiras, Leila Pereira tem sido uma das principais vozes na defesa por medidas de controle econômico dentro do futebol. Conforme ela relembrou: “No meu primeiro mandato, conquistamos 35 títulos entre competições profissionais e de base da FPF, CBF e Conmebol. No ano passado, batemos recorde de receita, com mais de R$ 1,2 bilhão”.

Essa trajetória, segundo ela, é prova de que é possível alcançar resultados consistentes com organização, planejamento e responsabilidade fiscal. Ela ainda destacou a necessidade de que o futuro presidente da CBF esteja preparado para lidar com essas demandas de forma efetiva, cobrando equilíbrio financeiro entre os clubes.