Forbes coloca Flamengo como primeiro gigante fora da Europa

Escudo do Flamengo é exposto próximo a um dos gols, no gramado do Maracanã (Foto: Daniel Castelo Branco)

A Forbes, uma das revistas de negócios e economia mais conceituadas do mundo, abordou a passagem e saída de Jesus Jesus do Flamengo, em sua versão online. Mister, que teve seu desligamento com o clube anunciado na última sexta-feira (17), foi para o Benfica, de Portugal. Um dos pontos principais abordados pela reportagem, foi a disputa do Mundial de Clubes, contra o Liverpool.

Segundo a publicação, o Flamengo manteve um jogo taticamente e tecnicamente refinado contra os ingleses, deixando espaço suficiente para a ‘auto-expressão’ mesmo com a derrota por 1 a 0. Conhecido por sua ‘Nação’ de apaixonado, a Forbes destacou a força da torcida rubro-negra e dos títulos conquistados para que a Europa pudesse, enfim, passar a perceber e a reconhecer a equipe da Gávea como “o primeiro superclube fora do Velho Continente”.

“Na final da Copa do Mundo de Clubes, eles se enfrentaram com o Liverpool, mantendo um jogo que era taticamente e tecnicamente refinado, mas que deixava espaço suficiente para a auto-expressão. Com mais de 40 milhões de fãs e uma grande sala de troféus, a Europa começou a perceber: os brasileiros poderiam se tornar o primeiro super clube fora do Velho Continente?”, questionou a reportagem.

Além disso, a revista falou que Jorge Jesus garantiu sua vaga no ‘panteão’ dos deuses do futebol no Mais Querido, após tantas conquistas e títulos. O portal exaltou o feito de Mister no clube da Gávea:

“O treinador português transformou um clube que há muito era assombrado por seu passado e pelos auge do lendário Zico nos anos 80. Jesus, no entanto, era grande o suficiente para o Flamengo, o clube das massas do Brasil, por sua mitologia e por sua obsessão patológica pela vitória”, disse.

O futebol rubro-negro foi definido como “moderno”, “finalmente entrando na era do coletivo de alta pressão”, nas palavras da revista.

“A defesa (de Jesus) jogou em linha alta, seu time queria a posse e atacava. Esses elementos deveriam ser claros no futebol moderno, onde os três P’s, posse, pressão e posicionamento, estão na moda, mas não no contexto brasileiro”.

Entre os jogadores, a Forbes destacou a parceria de Gabigol com Bruno Henrique e colocou o zagueiro espanhol Pablo Mari como “chave para o sucesso da formação do Flamengo”. A final do Mundial de Clubes, derrota por 1 a 0 para o Liverpool, na prorrogação, é outro destaque.

Temporada de 2020

É então que a Forbes faz um contraponto ao ano mágico vivido pelo Flamengo em 2019, com o título do Campeonato Brasileiro e da Copa Libertadores. A começar pelo Maracanã, “que já não estava mais em festa”, transformado em hospital de campanha contra a COVID-19.

Mas as dúvidas também estão dentro de campo na visão da revista, apesar do título do Campeonato Carioca. “A saída de Mari para o Arsenal alterou a dinâmica de todo o time”, escreve. Na análise, os substitutos Léo Pereira e Gustavo Henrique não têm “a mesma velocidade”, e o “jogo de passe do Flamengo está mais lento como consequência”.

Pouco mais de um mês após a renovação contratual com o Flamengo, o técnico Jorge Jesus decidiu deixar o Rubro-Negro para voltar ao Benfica, clube de seu país de origem. Com 13 meses de trabalho, o comandante deixou o Mais Querido com mais títulos do que derrotas. Foram três conquistas: Campeonato Brasileiro e Libertadores da América, ambos em 2019, e Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana e Campeonato Carioca, todos em 2020.

A saída – “elegante” na definição da Forbes – de Jesus para o Benfica aumenta as dúvidas; “Os técnicos brasileiros vão seguir a filosofia de jogo do português? O Flamengo pode seguir no caminho de se tornar uma peça global entre os clubes de futebol?”, questiona.

“A austeridade durante o período do presidente Eduardo Bandeira de Mello beneficiou muito o Flamengo, mas estabelecer uma hegemonia no futebol brasileiro é difícil. Nunca houve um Bayern de Munique ou Juventus no Brasil. Antes, Palmeiras e São Paulo falharam em sustentar sua superioridade quando em modos vencedores. Por que o Flamengo seria diferente?”

Sobre o sucessor de Jesus, a revista aposta em “um longo caminho para definir a direção do clube”.

“O campeão brasileiro precisa de um novo homem milagroso para repetir os triunfos de Jesus e cultivar uma filosofia progressiva. Voltar atrás e apontar um ‘medalhão’ brasileiro não é uma opção. Para competir no mais alto nível, o Flamengo simplesmente precisa continuar absorvendo novas ideias”, encerra a publicação.

Retirado de: ESPN