Do ‘gentleman’ Rodrigo Caio às provocações com Gabigol: quatro histórias que Rogério Ceni reencontrará como técnico do Flamengo

Rogério Ceni posa para foto no Ninho do Urubu (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Rogério Ceni é o novo técnico do Flamengo. Um dia após a anunciar da demissão de Domènec Torrent, o Rubro-Negro confirmou a contratação do ex-goleiro, que terá a missão de levar ‘paz’ ao Ninho do Urubu após o clima pesado deixado pela goleada por 4 a 0 sofrida diante do Atlético-MG, estopim para a saída do espanhol.

Destaque no comando do Fortaleza, o treinador estará agora à frente do elenco mais valioso da América, segundo avaliação do site Transfermarket. No clube, inclusive, o comandante reencontrará velhos conhecidos dos tempos de jogador, além de nomes que marcaram de alguma maneira sua trajetória no futebol.

Ídolo do São Paulo, Ceni teve sua primeira experiência como treinador justamente à frente do clube do Morumbi. E um dos momentos marcantes desta passagem foi uma polêmica envolvendo Rodrigo Caio. Rogério se irritou com o gesto de fair play que o zagueiro teve na semifinal do Campeonato Paulista de 2017, diante do Corinthians.

O jogador admitiu à arbitragem que foi dele o pisão na perna direita do goleiro Renan Ribeiro. No lance, o árbitro Luiz Flávio de Oliveira havia assinalado falta, advertindo Jô com cartão amarelo. Com o gesto de Rodrigo Caio, o juiz voltou atrás na decisão, e cancelou a punição ao atacante do Timão, que ficaria fora da segunda partida.

“(Rodrigo Caio) Foi um gentleman, é uma atitude que vocês têm que parabenizar porque ele é um menino bom. Jogou o jogo do fair play, assim como todos fazem durante uma partida”, ironizou o treinador após o jogo.

Em 2019, durante entrevista ao Fox Sports, o zagueiro admitiu que atravessou um momento de pressão no São Paulo após esta partida.

“Foi um momento complicado para mim. Quando aconteceu, muitas pessoas ficaram ao meu lado. Já outras pessoas crucificaram a atitude. Procurei ter minha cabeça tranquila, fiz o que era certo. Em nenhum momento tentei ou quis me mostrar em uma atitude, falar que tenho mais caráter. Pelo contrário, nunca pensei nisso. Resolvi ficar calado. Foi uma atitude simples. Respeito quem faz ou quem não faz”, afirmou o zagueiro, que descartou qualquer mágoa com o treinador.

“Ele tem a opinião dele, eu tinha a minha. Respeito muito a opinião de cada um. Ele tem o direito de gostar ou não. Mas o carinho, respeito e admiração vão continuar. Sempre. Mesmo com o que ele pensa, me ajudou muito, tenho uma gratidão sempre. Conversamos até hoje. É algo que é opinião de cada um”, concluiu.

Outro nome do elenco do Flamengo que já teve rusgas com Ceni foi Gabigol. Ainda uma jovem promessa do Santos, o atacante foi o autor de um ‘cornetada’ no então goleiro do São Paulo em um clássico pelo Paulistão.

“Sobre o pênalti, o Rogério manda no jogo. Ele falou, o juiz não tinha levantado a bandeira, mas voltou atrás”, disse Gabigol.

O atacante se referia a um pênalti que havia sido marcado por Marcelo Aparecido Ribeiro de Carvalho sobre o santista Rildo, mas que acabou anulado após o assistente Marcelo Van Gasse assinalar posição de impedimento. O lance teve protestos por parte de Ceni, que defendia a decisão do auxiliar de campo.

“E se ele (Gabriel) disser que eu mando no jogo, está ótimo. Assim, ele aprende como se joga”, disparou Ceni.,

Éverton Ribeiro já foi sonho do treinador

A chegada de Rogério Ceni ao Flamengo dará ao treinador a chance de trabalhar com um de seus principais alvos nos tempos de São Paulo: Éverton Ribeiro. O meia, que é peça fundamental no Rubro-Negro desde 2017, quase parou no time paulista. A chegada do jogador ao elenco, foi um pedido do técnico.

Falando à época sobre a chegada de reforços ao elenco do Morumbi para o meio de campo, Ceni garantiu que sempre haveria espaço para o armador. “Não exclui o Éverton Ribeiro, que seria bem-vindo, tem lugar para ele e faria muito bem ao clube”, afirmou Ceni em entrevista coletiva ainda no comando do São Paulo.

De saída do Al-Ahli no fim de 2016, Éverton Ribeiro negociou com o São Paulo para ser reforço da equipe do Morumbi. O Flamengo, que havia iniciado antes as conversas pelo jogador, acabou confirmando a transferência.

Frente a frente com Ceni…duas vezes

Quem também já teve um momento marcante na carreira de Rogério Ceni foi Diego. Surgindo de forma meteórica no Santos, o meia teve um dos principais jogos de sua carreira contra o São Paulo, ainda pela 13ª rodada do Brasileirão de 2002. Armador do Peixe naquele ano, o jogador ficou frente a frente com o goleiro em um pênalti.

Com o Morumbi lotado, Diego bateu no canto direito de Ceni, que defendeu. O juiz, no entanto, anulou o lance e mandou o meia repetir a cobrança, após Rogério ter se adiantado. Na nova oportunidade, o santista mudou o lado do chute e conseguiu levar a melhor.

Na comemoração, o camisa 10 subiu no escudo do São Paulo, que fica posicionado entre a pista de atletismo e o campo de jogo no Estádio do Morumbi. O lance gerou revolta de jogadores do Tricolor, principalmente o volante Fábio Simplício.

A equipe da capital, no entanto, leva a melhor neste confronto, vencendo por 3 a 2. O Santos ‘dá o troco’ meses mais tarde, quando elimina o São Paulo nas quartas de final, na campanha que resultou no título nacional do time da Vila Belmiro.

Retirado de: ESPN