Os bastidores do Vasco no caso Payet

O Vasco da Gama adota uma postura de cautela diante da investigação conduzida pela polícia do Rio de Janeiro sobre as acusações de violência sexual atribuídas ao meia Dimitri Payet por sua ex-amante, Larissa Natalya Ferrari. Embora a grande repercussão, o clube, até o momento, não foi notificado oficialmente pelas autoridades. Assim sendo, entende que a questão pertence à esfera privada do jogador.

Segundo apuração, a defesa jurídica da SAF vascaína permanece atenta, mas ainda não analisou a necessidade de qualquer providência. Eventualmente, o clube se dispõe a colaborar, caso venha a ser acionado formalmente.

“O Vasco da Gama informa que até o momento não foi notificado por nenhuma autoridade sobre o recente acontecimento envolvendo o atleta Dimitri Payet. O Clube ressalta que o jogador vem colaborando com as investigações e já prestou depoimento à Delegacia de Atendimento à Mulher, como noticiado. O Vasco aguarda o resultado da investigação conduzida pelas autoridades competentes”, declarou a instituição em nota oficial.

Internamente, o ambiente no Vasco é de tranquilidade. Conforme relatos, Payet tem se mostrado sereno durante os treinos e não demonstrou sinais de nervosismo ou preocupação. Aliás, o departamento de psicologia do clube não foi mobilizado para oferecer suporte emocional ao atleta, pois não houve qualquer solicitação nesse sentido.

Em comparação, a posição adotada lembra a postura do Flamengo no caso do atacante Bruno Henrique, igualmente investigado por suposta manipulação de resultados, baseada, primordialmente, na presunção de inocência. Portanto, a estratégia do Vasco se concentra em respeitar o curso natural da investigação, evitando juízos prévios.

Detalhes das acusações e depoimento de Payet

Paralelamente, os detalhes sobre as acusações e a versão apresentada por Payet também vieram à tona. Conforme depoimento prestado no dia 16 de abril, na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá, o jogador confirmou o relacionamento extraconjugal com Larissa Ferrari, iniciado em agosto de 2024. Todavia, ele negou de maneira enfática as acusações de agressões física, moral, psicológica e sexual, sustentando que todas as práticas íntimas foram consensuais.

Segundo Payet, Larissa, torcedora do Vasco, o procurou pelas redes sociais, e a aproximação se intensificou posteriormente. Em sua fala, o atleta mencionou que desconhecia qualquer condição psicológica da advogada, embora ela tenha declarado sofrer de transtorno de personalidade Borderline. Payet afirmou que os episódios relatados por Larissa, inclusive práticas consideradas bizarras como colocar a cabeça no vaso sanitário ou ingerir urina, ocorreram por iniciativa da própria advogada e foram consentidos.

Ainda assim, Larissa apresentou à polícia fotografias de hematomas, alegadamente resultantes de agressões. Sobre isso, Payet explicou que as marcas decorreram de práticas consensuais durante atos sexuais, ressaltando a pele sensível da mulher e o uso de cadeiras de madeira como acessórios íntimos.

O jogador relatou, igualmente, que o relacionamento teria se deteriorado após ele recusar a proposta de custear a estadia de Larissa na França, quando seu contrato com o Vasco encerrasse no meio do ano. Conforme seu depoimento, depois da negativa, Larissa teria ameaçado expor “segredos” caso não fosse contatada no dia de seu aniversário.

Em defesa do jogador, a advogada Sheila Lustoza declarou: “É lamentável que autos sigilosos tenham sido vazados, mas o caso revela com provas algo que é muito claro: uma mulher no exercício de sua liberdade e vontade, como deve ser, ao contrário do que foi narrado até o momento publicamente”.

Larissa, por sua vez, reafirma sua versão e promete buscar justiça. “Eu sabia que ele negaria. Mas eu continuarei buscando a justiça, por mim e por todas que se calam diante de abusos. O dinheiro, a fama dele e o machismo não irão me calar”, afirmou.