Veja o verdadeiro motivo da demissão de Carille no Vasco

A derrota por 1 a 0 para o Cruzeiro, no domingo (27), em Uberlândia, selou a saída de Fábio Carille do comando do Vasco. O técnico acumulava atuações questionáveis e não resistiu à crescente pressão interna e externa que o cercava. A demissão foi oficializada logo após a partida, encerrando uma passagem marcada por dificuldades e críticas recorrentes.

Primeiramente, a relação entre Carille e a diretoria já apresentava sinais de desgaste desde o Campeonato Carioca. As três derrotas para o Flamengo, tanto na Taça Guanabara quanto nas semifinais do estadual, geraram enorme incômodo. Mais que os resultados, a postura apresentada em campo não agradou ao presidente Pedrinho e à cúpula vascaína.

“Sempre acreditei na questão do jogo, mas aqui dentro percebemos que há questões anímicas a serem consideradas”, afirmou Pedrinho ao anunciar a decisão.

Apesar de vitórias pontuais sobre Santos e Sport, a pressão sobre o treinador se intensificava em São Januário, onde a torcida não poupava vaias. O empate por 3 a 3 contra o Melgar, no Peru, pela CONMEBOL Sul-Americana, foi um dos momentos mais sensíveis: após abrir 3 a 1, o time recuou e cedeu a igualdade, demonstrando falhas que irritaram a direção.

Situação se agrava

Posteriormente, a situação se agravou com derrotas como visitante. O reveses para o Corinthians por 3 a 0, na Neo Química Arena, e por 2 a 1 diante do Ceará, no Castelão, evidenciaram um Vasco vulnerável, pouco competitivo e incapaz de reagir. Nessas ocasiões, Carille expressou descontentamento com a postura dos atletas: “Temos que respeitar onde estamos”, disse após a partida contra o Vozão.

Aproveitamento de Carille

Assim sendo, o aproveitamento de 50,7%, com nove vitórias, cinco empates e sete derrotas em 21 jogos, tornou-se insuficiente para sustentar o projeto. Questões defensivas, aliás, foram um dos maiores entraves. Contratado para solidificar a retaguarda, o treinador não conseguiu corrigir erros recorrentes, que custaram pontos preciosos.

É importante destacar que, após 22 dias de intertemporada entre o estadual e o início do Campeonato Brasileiro, a expectativa era de melhora no rendimento. Contudo, a equipe não demonstrou evolução significativa, gerando frustração interna. Marcelo Sant’Ana, diretor de futebol, reconheceu o contexto:

“No Brasil, todos somos avaliados jogo a jogo”, comentou, indicando que o planejamento foi atropelado pela necessidade imediata de resultados.

Relação com a torcida

O relacionamento desgastado com os torcedores culminou em cenas de forte rejeição. Mesmo após a vitória sobre o Puerto Cabello, na qual Vegetti chamou o grupo para abraçar Carille, a torcida vaiou efusivamente o gesto, ilustrando o ambiente de tensão.

Saída do Vasco

Com a demissão, Carille e sua comissão têm direito a uma multa rescisória de R$ 500 mil. No comunicado oficial, Pedrinho reforçou: “Responsabilidade é minha do trabalho que está sendo feito. Não é fácil trocar, mas às vezes é necessário. Foi um desligamento muito duro para mim pessoalmente”.

No momento, Felipe Maestro assume interinamente o comando. Entretanto, o Vasco já trabalha para definir o substituto. Fernando Diniz surge como o preferido da diretoria, sobretudo por seu estilo de jogo considerado mais alinhado ao perfil do elenco. Todavia, o alto salário que o treinador recebia em seu último trabalho é um entrave. “Se houver abertura para valores menores, a conversa pode evoluir”, pontuou fonte ligada ao clube.

O Vasco, portanto, inicia um novo capítulo. Os próximos compromissos da equipe estão marcados: enfrenta o Operário na quarta-feira (01), às 16h, pela Copa do Brasil; o Palmeiras no sábado (04), às 16h, pelo Campeonato Brasileiro; e o Puerto Cabello na quarta-feira (07), às 19 horas (de Brasília), pela CONMEBOL Sul-Americana.