Meia lamenta falta de oportunidades no Flamengo; propostas do Brasil e exterior estão sendo avaliadas

Yuri de Oliveira durante treinamento no Ninho do Urubu (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Com elenco recheado de estrelas, nem todos os jovens das categorias de base conseguem receber oportunidades no time principal do Flamengo. Um dos exemplos é Yuri de Oliveira, promessa rubro-negra com passagem pela seleção de base, que deve deixar o clube no fim do ano.

Yuri chegou ao Flamengo com 13 anos, em 2014. Conquistou títulos como a Copa do Brasil sub-17, Brasileirão sub-20 e Supercopa do Brasil sub-20, dividindo vestiário com nomes como os meias João Gomes e Lázaro, o zagueiro Natan, o atacante Rodrigo Muniz, entre outros.

Diante do sucesso, ficou protegido por uma cláusula de 45 milhões de euros, cerca de R$ 230 milhões. A quantia o colocava no patamar que o clube carioca vende Vinicius Jr. para o Real Madrid. Mesmo não tendo a sequência esperada no profissional, ele recordou grandes momentos vividos no clube.

— Foram quase nove anos. Jogar no Flamengo foi um sonho realizado. Se tivesse que escolher dois momentos mais especiais, escolheria o gol contra o Palmeiras na Supercopa sub-20 em 2019, em um ano vitorioso, onde a gente também foi campeão brasileiro. Fiz um gol bem bonito contra o Palmeiras, um dos mais bonitos da minha carreira, relembrou.

Estreia inesperada

Em 2020, Yuri estreou no elenco profissional de forma inusitada. Um surto de COVID-19 tirou 16 jogadores da partida e até o técnico Domènec Torrent.

Então, o time foi ao Allianz Parque recheado de garotos, e o jovem atleta entrou no segundo tempo da partida que terminou empatada em 1 a 1.

— Fui campeão brasileiro profissional, em 2020. Fiz minha estreia também contra o Palmeiras, no Allianz Parque, num jogo que surpreendeu muita gente por causa do surto de COVID, a gente entrou só com os mais jovens e fizemos um jogo pau a pau com o Palmeiras. Esses momentos me marcaram muito. Não cito momentos negativos, se tornam aprendizado. Tenho muito a falar bem da comissão do Dome. Além de me dar oportunidades, foram muito profissionais, corretos, gostei da filosofia deles. Me identifiquei bastante, disse.

Pouco espaço no profissional

Após a boa estreia em 2020, no entanto, Yuri não voltou a receber oportunidades junto com o elenco profissional. Em 2022, entrou em campo duas vezes no Campeonato Carioca, contra Portuguesa e Volta Redonda, mas a tão sonhada sequência não aconteceu. O próprio admitiu que sequer teve contato com o técnico Paulo Sousa.

Com vínculo até o fim do ano, o meia treina separado do time. O ciclo de sua passagem no Flamengo se aproxima do fim.

Em julho de 2021, Yuri de Oliveira chamou atenção do New England Revolution, da Major League Soccer, que acenou com uma proposta de empréstimo com opção de compra. No entanto, o Flamengo pediu 2 milhões de dólares, cerca de R$ 10 milhões, pelo negócio, e o clube norte-americano recuou.

Perto do fim do contrato, o meia recebeu contatos de rivais do Flamengo no Brasil para atuar nas equipes “B” e no sub-23, mas sem negócio fechado até o momento.

— Tenho muita gratidão pelo Flamengo. Se não me deram chances, tudo bem. Tenho que respeitar. O tempo vai dizer. Estamos estudando possibilidades. Fora e aqui no Brasil. Vamos ver o que vai ser melhor. Tenho o sonho de jogar na Europa, o maior centro de futebol hoje, disse.

— Alguns ciclos se fecham. A gente tem que entender. Meu contrato se encerra no final do ano. Eu ainda sou novo, minha carreira está começando. Estou prestes a ficar livre no mercado. Já com olhar no próximo desafio. Não vou renovar. Estudando algumas possibilidades. Estou pronto para seguir minha carreira, completou.

Olhar sobre Vinicius Jr. na base

Durante essa passagem pela base rubro-negra, Yuri teve contato direto com Vinicius Jr., astro do Real Madrid. Tudo o que o camisa 20 do time espanhol vem colhendo é algo que Yuri já imaginava lá na base. E recordou algumas histórias em campo ao lado do Malvadeza.

— Vini é um jogador fora da curva. Todos já sabem. Eu tive alguns momentos próximos dele. Estava sempre acima, avançado. Era difícil de acompanhar. Sou muito fã. Ele sempre foi muito rápido. Ele ficava brincando. Se destacava. Quando botava a bola na frente não tinha como chegar. Era uma qualidade diferente, disse.

‘Aula’ com Zico

O brilho na base do Flamengo chegou até Zico, maior ídolo da história do clube. Após se destacar em cobranças de falta, Yuri foi chamado pelo Galinho para participar de um curso de fundamentos do futebol ensinado pelo ex-jogador que brilhou na década de 80 pelo Rubro-Negro.

— Zico é espetacular. Dispensa comentários, foi o maior camisa 10 da história do Flamengo, sempre fui fã. Conheci como pessoa, é espetacular. Ele me chamou para um treino de falta com ele. Foi muito aprendizado. Era um vídeo para o canal dele, ele estava procurando um jogador que batia faltas no Flamengo, chegou a mim. Eu também tinha feito um gol de falta recentemente que repercutiu bastante. Ele foi muito atencioso, mostrou como batia faltas, onde ele olhava, a quantidade de passos que dava. Foi muito especial para mim, afirmou.

Retirado de: ESPN