As contas do Corinthians referentes ao primeiro ano da gestão de Augusto Melo foram reprovadas em votação realizada na noite de segunda-feira (28), no Parque São Jorge. A decisão do Conselho Deliberativo, que seguiu as recomendações do Conselho Fiscal e do Conselho de Orientação (CORI), foi contundente: 130 votos contra 73, além de seis abstenções. Ambos os órgãos internos alegaram ausência de documentos e descumprimento de normas como justificativas para a reprovação.
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Entre os principais documentos que não foram entregues pela diretoria estão faturas do cartão de crédito corporativo, com valor total que ultrapassa R$ 4,8 milhões, e o contrato do atacante Memphis Depay, que pode atingir R$ 120 milhões com bônus. Conforme os pareceres, tais omissões impossibilitaram análises aprofundadas e comprometeram a transparência da gestão financeira do clube.
O relatório também destacou um crescimento significativo da dívida do Corinthians. Em 2024, o passivo aumentou em R$ 829 milhões, elevando a dívida total para R$ 2,5 bilhões, número que representa uma alta de 30% em relação ao ano anterior. Conforme o CORI, a diretoria ainda não prestou contas sobre a aplicação de um empréstimo de R$ 150 milhões, captado junto à XP, com garantia da Liga Forte União.
Outros pontos apontados como falhas incluem a contratação tardia de empresa de auditoria, divergências entre controles internos e sistemas contábeis, ausência de divulgação dos balancetes mensais e desrespeito ao Profut. Aliás, segundo o Conselho Fiscal, os gastos operacionais e financeiros extrapolaram em mais de R$ 170 milhões o previsto em orçamento.
Embora o presidente tenha minimizado o ocorrido, alegando tranquilidade e prometendo esclarecimentos à Comissão de Ética, os pareceres foram claros ao mencionar uma “gestão temerária”. O diretor Raul Corrêa classificou a reprovação como “política”, mas não negou os impactos da falta de documentação exigida.
Por fim, eventuais consequências jurídicas e políticas devem surgir, incluindo um novo processo de impeachment contra Augusto Melo, já que a reprovação formal das contas fragiliza sua condução à frente do clube.