Jornalista detona atual fase da Seleção Brasileira

Vini Jr, Raphinha, Paquetá e Neymar comemoram gol do Brasil contra a Coreia do Sul (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

A recente negativa de Carlo Ancelotti à Confederação Brasileira de Futebol não apenas encerrou um longo capítulo de negociações frustradas, como também escancarou, conforme destacou o jornalista Alexandre Alliatti, a completa falta de direção da Seleção Brasileira. A condução do processo para escolha do novo treinador tem revelado uma CBF desorganizada, sem planejamento coerente e refém de expectativas irreais.

Desistência evidencia impasse interno

Ancelotti, que já havia sinalizado interesse anteriormente, recuou em meio à resistência do Real Madrid em liberar o técnico. O presidente do clube espanhol, Florentino Pérez, se irritou ao saber do acerto verbal entre o treinador e a CBF e se recusou a arcar com a multa rescisória.

O impasse financeiro e contratual se somou ao momento turbulento vivido pelo clube merengue, que já não contava com uma temporada vitoriosa. Ainda que houvesse simpatia por parte de Ancelotti, a pressão em Madri inviabilizou o acordo, fazendo a CBF encerrar oficialmente as tratativas​​.

Alvo perdido e legado de indefinição

Segundo Alliatti, o fracasso nas negociações com o treinador italiano não é um episódio isolado, mas sim o ápice de uma série de decisões equivocadas da entidade. Desde o anúncio da saída de Tite, em 2022, o comando técnico da Seleção passou por um vaivém de indefinições.

Fernando Diniz, inicialmente interino, dividiu-se entre Fluminense e Seleção, gerando um cenário confuso e desestruturado. Posteriormente, Dorival Júnior assumiu, mas sua saída precoce contribuiu para o ciclo de instabilidade.

“Temos uma Seleção à deriva”, escreveu Alliatti. Para ele, o principal entrave é a própria CBF, sobretudo na figura do presidente Ednaldo Rodrigues, cuja condução da entidade tem sido marcada por falta de estratégia e decisões erráticas. O jornalista argumenta que o vazio técnico e moral deixa a Seleção desconectada de seus torcedores e sem identidade tática ou simbólica às vésperas de mais uma Copa do Mundo.

Jorge Jesus ganha força como alternativa imediata

Com a retirada de Ancelotti, o nome de Jorge Jesus surge com força nos bastidores da CBF. O português está em reta final de contrato com o Al-Hilal e, apesar de sofrer pressão interna no clube saudita, já declarou publicamente o desejo de treinar a Seleção:

“É um sonho trabalhar na Seleção Brasileira”, afirmou. Em meio a uma possível demissão no Oriente Médio, Jesus estaria disposto a abrir mão de disputar o Super Mundial de Clubes para realizar esse objetivo​.

Alliatti vê no técnico português uma solução interessante para o momento. Apesar de reconhecer a grandeza de Ancelotti, o jornalista acredita que Jesus pode oferecer o “caos necessário” para tirar a Seleção do marasmo. “Jesus é capaz de bagunçar as cartas”, escreveu, ao apontar que a mesmice e o conformismo técnico atual precisam de uma ruptura drástica.

Abel Ferreira é opção mais distante

Outro nome mencionado é o de Abel Ferreira, atualmente no comando do Palmeiras. Com contrato até o final deste ano e prestígio junto à diretoria alviverde, o português de 46 anos não teria sido procurado diretamente pela CBF. Leila Pereira, presidente do clube, afirmou que não recebeu nenhuma sondagem formal. Apesar disso, a entidade chegou a acionar advogados para avaliar as condições contratuais do treinador​.

Mesmo sendo campeão de duas Libertadores e acumulando oito títulos com o Palmeiras, Abel parece estar em um estágio diferente de Jesus no que se refere à proximidade com a Seleção. Ao passo que Jorge já se mostra disponível e alinhado com o desejo da CBF, Abel segue focado no planejamento do clube paulista, com quem mantém boa relação institucional.

Desfecho incerto e pressão crescente

Com a janela de amistosos se aproximando — a Seleção encara o Equador em 5 de junho e o Paraguai em 10 de junho — a entidade ainda precisa definir quem será responsável por elaborar a lista de convocados. O cenário, contudo, ainda é nebuloso. A expectativa é que o novo treinador participe da escolha, mas a instabilidade interna da CBF torna o processo pouco transparente e imprevisível​.