
O comando de Ednaldo Rodrigues à frente da Confederação Brasileira de Futebol volta a ser alvo de contestação jurídica no Supremo Tribunal Federal (STF), após revelações que colocam em dúvida a legitimidade de um acordo firmado em janeiro de 2024 – o qual havia assegurado sua continuidade no cargo. Uma nova perícia questiona a autenticidade de uma das assinaturas presentes no documento, reacendendo o debate em torno da validade da sua gestão.
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A peça central dessa nova ofensiva é uma suposta falsificação da assinatura do ex-presidente interino da CBF, Coronel Antônio Carlos Nunes. O laudo técnico produzido pela perita Jacqueline Tirotti concluiu que as assinaturas atribuídas a Nunes no acordo judicial exibem divergências substanciais em relação ao padrão gráfico do ex-dirigente. O documento pericial também apontou falhas como a ausência de rubricas e a não fixação das folhas, o que facilitaria eventuais alterações no conteúdo original.
Essa análise foi anexada a uma petição protocolada pela deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ), que solicita ao STF o afastamento imediato de Ednaldo. No texto, a parlamentar afirma:
“Pugna-se para que (…) seja determinado o afastamento imediato do Sr. Ednaldo Rodrigues do cargo de Presidente da CBF, tendo em vista as evidências suficientes que apontam a ocorrência de simulação no âmbito do referido acordo e as graves denúncias de gestão temerária”.
Saúde de Nunes
A deputada ainda fundamenta seu pedido em questões relacionadas à saúde de Nunes. Segundo consta no laudo do neurocirurgião Jorge Pagura, que cuida do ex-dirigente desde 2018, ele apresenta déficit cognitivo, agravado por uma cirurgia considerada agressiva realizada em 2023.
“A referida indicação de que houve vício de consentimento na assinatura do documento pode ser notada pelo fato de que (…) já existia laudo médico apontando que o Sr. Antônio Carlos Nunes de Lima não detinha as condições físicas e cognitivas para expor seu aceite a qualquer condição que lhe fosse apresentada”, argumenta a petição.
Esse cenário também provocou reações em outras esferas. O vereador Marcos Dias Ferreira (Podemos-RJ), que encomendou o laudo, já acionou o Ministério Público do Rio de Janeiro, solicitando abertura de investigação sobre a autenticidade da assinatura. Em Brasília, o deputado Sargento Gonçalves (PL-RN) apresentou requerimento para convocar Ednaldo a depor na Comissão de Esporte da Câmara.
A controvérsia remonta ao acordo firmado em 24 de janeiro deste ano, assinado por nomes de peso como Fernando Sarney, Gustavo Feijó, Castellar Guimarães Neto, Rogério Caboclo e a Federação Mineira de Futebol. O texto encerrava litígios sobre a legalidade das assembleias que elegeram Ednaldo em 2022 e dava fim a disputas judiciais em diversas instâncias. A assinatura do Coronel Nunes, todavia, se tornou o foco da nova crise.
Daniela do Waguinho, que já ocupou o cargo de ministra do Turismo no governo Lula, requer não apenas o afastamento de Ednaldo, mas também a revisão da decisão do STF que validou judicialmente o acordo. Essa decisão foi proferida pelo ministro Gilmar Mendes em janeiro de 2024. O julgamento da liminar, inclusive, está agendado para o próximo dia 28 de maio.
Nota oficial da CBF
“A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) reitera seu compromisso com a transparência, a legalidade e a boa-fé em todas as suas ações e decisões institucionais.
Diante das recentes notícias veiculadas na imprensa sobre suposto vício de vontade em assinatura constante do acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que reconheceu a legitimidade da eleição do presidente Ednaldo Rodrigues, a CBF esclarece que ainda não teve acesso formal ao referido laudo pericial, supostamente asssinado por perito particular, que está sendo utilizado de forma midiática e precipitada, em verdadeira espetacularização que atende a interesses nada republicanos e aparentemente questionado por terceiros absolutamente estranhos ao processo.
A CBF enfatiza que todos os atos relacionados ao acordo mencionado foram conduzidos dentro da legalidade e com a participação de representantes devidamente legitimados. O processo foi legítimo e teve acordo homologado.
É absolutamente inverdade que esse processo tenha sido reaberto a pedido de uma parlamentar.
A CBF confia plenamente na Justiça brasileira e permanece à disposição das autoridades competentes para esclarecer quaisquer dúvidas que eventualmente surjam. A entidade segue focada em sua missão de promover o futebol brasileiro com seriedade, profissionalismo e respeito às instituições e com absoluta tranquilidade de que todos os princípios de boa gestão e de probidade são diuturnamente respeitados”.