O acerto de Dudu com o Atlético-MG não foi apenas mais uma movimentação comum no mercado da bola. O episódio envolveu articulação direta do técnico Cuca, disputas de bastidores com o Cruzeiro e até uma considerável renúncia financeira por parte do atacante, de 33 anos, que trocou a Toca da Raposa II pela Cidade do Galo em um intervalo de apenas quatro dias.
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A costura da negociação começou ainda quando Dudu era oficialmente atleta do Cruzeiro. Após uma derrota para o Mushuc Runa, pela Copa Sul-Americana, Cuca entrou em contato com o jogador, com quem mantém boa relação desde os tempos de Palmeiras. A sondagem foi discreta e visava abrir portas em caso de uma eventual rescisão contratual. O tom da conversa foi positivo, mas não definitivo.
Pouco tempo depois, o cenário começou a mudar. O empresário André Cury se deslocou para Belo Horizonte e teve reuniões com representantes de ambos os clubes. No dia 1º de maio, encontrou-se com Alexandre Mattos, CEO do Cruzeiro, para tratar do distrato. Na mesma ocasião, reuniu-se com Paulo Bracks, executivo de futebol do Atlético-MG, para discutir o possível vínculo com o novo clube.
Acordo com redução salarial
A transferência foi condicionada à rescisão amigável com o Cruzeiro. O contrato anterior previa pagamento de R$ 63 milhões até dezembro de 2027. No entanto, Dudu aceitou um acordo que lhe garante R$ 15 milhões pagos de forma parcelada, valor correspondente a menos de 25% do montante original. O gesto indicava claramente sua disposição em buscar novos rumos.
No Atlético, o jogador também aceitou uma significativa diminuição de salário. Enquanto no Cruzeiro os vencimentos giravam em torno de R$ 2 milhões mensais, o novo compromisso estipula valores entre R$ 1,2 milhão e R$ 1,3 milhão. Apesar do corte, o atacante assegurou um contrato mais longo, com duração até o fim de 2027 — desejo seu desde o início das tratativas.
Resistências internas e movimentação rival
A negociação não foi isenta de atritos. No Cruzeiro, um integrante do departamento de futebol tentou oferecer o atacante a outras equipes como Corinthians e Fluminense, numa tentativa de barrar o acerto com o rival. Grêmio, Santos e Botafogo também demonstraram interesse, mas o Atlético tinha a prioridade.
Internamente, o nome de Dudu não foi unanimidade entre os membros do Conselho de Administração do Galo. Um dos conselheiros classificou a contratação como “de alto risco”. Apesar disso, a diretoria seguiu firme no planejamento e recebeu aval suficiente para fechar o negócio.
Integração e expectativa
Mesmo com o contrato assinado, Dudu só poderá atuar a partir de junho, após a abertura da janela de transferências do meio do ano. O jogador, que vestirá a camisa 92, deve ser apresentado na próxima semana. Até lá, passará um breve período com a família na Europa.
A recepção inicial ao reforço tem sido melhor que o esperado. Conforme apurado, integrantes da comissão técnica e do elenco aprovaram a chegada do atacante. A presença de ex-companheiros de Palmeiras — como Caio, Gustavo Scarpa, Gabriel Menino e Rony — tende a facilitar sua adaptação.