Clube de John Textor, dono do Botafogo, pode ser punido na Europa

Textor durante coletiva de imprensa do Botafogo (Foto: Vítor Silva/Botafogo FR)

A situação do Lyon, presidido por John Textor, tornou-se crítica e mobilizou diretamente a Uefa. A entidade máxima do futebol europeu impôs um ultimato ao clube francês: aceitar sanções severas em acordo formal ou enfrentar exclusão de todas as competições continentais organizadas por ela, como a Champions League e a Europa League.

Atualmente na sétima colocação da Ligue 1, o Lyon vê ameaçada não apenas sua campanha esportiva, mas sua própria continuidade no cenário internacional. A pressão vem se intensificando desde que o clube reportou um prejuízo de 117 milhões de euros apenas no segundo semestre de 2024.

Conforme apontado, a Direção Nacional de Controle de Gestão (DNCG), órgão francês que regula as finanças do futebol nacional, já havia imposto restrições ao clube, incluindo a proibição de novas contratações na janela de transferências de janeiro e ameaças de rebaixamento para a Ligue 2.

Em meio ao colapso financeiro, a Uefa propôs um acordo que prevê multa superior a 10 milhões de euros, imposição de um teto salarial rígido e restrições severas ao clube no mercado de transferências. Além disso, o Lyon será obrigado a apresentar um plano financeiro detalhado até o fim da temporada 2024/25, com metas de redução de déficit e sustentabilidade operacional.

A reunião decisiva ocorreu na quarta-feira (07), em Nyon, na Suíça, com a presença de Textor e de Michael Gerlinger, executivo do Eagle Football Group. Na ocasião, o clube tentou demonstrar compromisso com a reestruturação, embora ainda não tenha oficializado uma resposta ao acordo.

“Caso rejeite as sanções, o clube corre o risco real de ser excluído das competições da Uefa”, alertou um dos relatórios da entidade.

A crise do Lyon também impacta o ambiente interno. Jogadores como Alexandre Lacazette, Nemanja Matic e Anthony Lopes, que possuem salários elevados, estão com saídas previstas para o fim da temporada, o que deve contribuir para a redução da folha salarial de 128,4 milhões para 74,3 milhões de euros. A estratégia contempla ainda a valorização de jovens como Rayan Cherki, que renovou contrato até 2026.

Contudo, o modelo de gestão adotado por John Textor tem gerado resistência entre os torcedores. O executivo comanda o Eagle Football Group, que além do Lyon também controla Botafogo, RWD Molenbeek e tem participação de 45% no Crystal Palace.

A interdependência entre essas equipes vem sendo criticada, sobretudo após a intenção de Textor de utilizar a premiação recebida pelo Botafogo na conquista da Libertadores de 2024 — cerca de 20 milhões de dólares — para amenizar as dívidas do clube francês.

Torcedores protestaram publicamente contra a administração de Textor. Em abril, uma faixa exibida na loja oficial do clube refletia o sentimento crescente entre os adeptos: “Do orgulho à vergonha, sem dinheiro no fim da temporada: Molenbeek? Botafogo? Lyon?”. O clima de instabilidade também é sentido pelo técnico Pierre Sage, que lida com limitações no elenco e incertezas no planejamento da equipe.

Além das medidas internas, Textor tenta levantar recursos com a venda de sua participação no Crystal Palace e com um IPO do Lyon nos Estados Unidos, sob a liderança do banco UBS. A extensão do contrato de patrocínio com a Emirates, avaliado em R$ 600 milhões por cinco temporadas, também foi apresentada como argumento de solidez à Uefa.

Apesar disso, a entidade exige provas concretas de viabilidade, como quitação de dívidas com clubes e autoridades fiscais, e segue monitorando de perto a situação.

Entre os exemplos históricos que alertam para a gravidade do cenário, está o caso do Milan. O clube italiano foi excluído de torneios europeus entre 2018 e 2020 após rejeitar acordo semelhante ao que agora é oferecido ao Lyon. No caso do time francês, uma punição provisória chegou a ser aplicada em dezembro de 2024 e só foi suspensa após a apresentação de relatórios financeiros auditados.

A dívida total do Lyon supera os 505 milhões de euros, enquanto o Eagle Football Group acumula cerca de 422 milhões de libras em passivos. Em maio de 2025, a Uefa aplicou uma multa adicional de 200 mil euros por inadimplência. A menos que um plano robusto seja aceito nos próximos dias, o clube poderá sofrer consequências irreversíveis, inclusive administrativas e esportivas.