A recente turbulência no Flamengo, especialmente após o empate com o Central Córdoba pela Libertadores, serviu de estopim para um debate contundente no programa Fechamento SporTV. O jornalista Eric Faria criticou com veemência a forma como parte da torcida e da imprensa tratou o trabalho de Filipe Luís à frente do time carioca, destacando o que considerou um comportamento desrespeitoso e precipitado diante dos resultados recentes.
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“O ápice dessa cultura de imediatismo, falta de paciência e até de falta de respeito ao trabalho dos outros é o que aconteceu com o Filipe Luís”, afirmou o comentarista. Para ele, o simples fato de o time ter empatado fora de casa já foi suficiente para uma onda de críticas desproporcionais.
“Depois de o Flamengo ter empatado, não é que perdeu, mas empatou com o Central Córdoba na Argentina, o que vimos no noticiário foi um vexame”, completou.
Ainda durante sua participação, Faria reiterou que não é contra demissões de técnicos, reconhecendo que, eventualmente, trocas podem ser necessárias. Entretanto, ressaltou que existem situações que ultrapassam o bom senso.
“Chamar o técnico de burro com 20 minutos de trabalho, achar que o Filipe Luís de uma hora para outra não serve mais. Até ontem servia para a Seleção, agora porque o Flamengo está fazendo campanha ruim na Libertadores, mas com ampla chance de classificação, já tem gente pensando em Jorge Jesus.”
O que pensa Filipe Luís?
Enquanto isso, Filipe Luís também se manifestou após a vitória contra o Bahia no Maracanã. O técnico do Flamengo expôs o que chamou de “loucura diária” do clube, referindo-se à pressão constante que envolve o ambiente rubro-negro.
“O Flamengo é isso aqui, uma loucura diária, na fase ruim e na boa também. Sempre existe alguma coisa que envolve o Flamengo. Aqui é tudo exagerado. O jogador joga dois jogos bem e já tem que ir pra seleção, o treinador já vai para o Barcelona. E depois perde e ninguém vale nada”, desabafou.
De acordo com Filipe, o ambiente interno no clube se mantém estável e com confiança no trabalho desenvolvido, apesar da pressão externa. Segundo ele, os atletas seguem comprometidos, mesmo diante de resultados instáveis.
“Internamente os jogadores continuam acreditando, trabalhando, lutando, aprendendo, corrigindo, e o resultado muitas vezes a gente não controla”, afirmou. “Amo até na turbulência e isso é o mais preocupante, porque são muitas horas de trabalho e amo o que faço”, acrescentou.
Fechamento SporTV
Durante o mesmo programa no SporTV, outros comentaristas reforçaram a crítica ao comportamento precipitado de parte da torcida e da mídia. André Rizek apontou o caso de António Oliveira, chamado de “burro” ainda com 20 minutos de sua estreia pelo Sport, como outro exemplo da falta de paciência crônica do futebol brasileiro.
Já Felipe Melo enfatizou o impacto das redes sociais, que amplificam cobranças mesmo de quem pouco acompanha futebol.
Aliás, Denílson lembrou que o julgamento é feito com base em recortes semanais, sem considerar o planejamento ou processo de trabalho dos treinadores. Conforme disse, “o jogo da quarta perdeu, na quinta acorda com esses recortes”. A reflexão, portanto, amplia o debate para além do Flamengo, apontando um problema estrutural no cenário esportivo nacional.