Apostas digitais crescem na Gávea – diversão, risco ou os dois?

Cruzeiro x Flamengo (Foto: Adriano Fontes/Flamengo)

Os jogos saíram dos cafés na praça Santos Dumont e entraram diretamente nos celulares, não só na Gávea, como no Brasil todo. Essa cena, cada vez mais comum nos bares e apartamentos do bairro Carioca, conhecido pelo seu Jockey Club e pela vibe universitária da PUC Rio, mostram o quanto o jogo online se tornou algo extremamente popular no Brasil.

Mas será que isso é só diversão ou existe algum risco associado? Nossa ideia neste artigo é justamente dar uma olhada mais de perto nessa febre que domina o Brasil.

Da aposta no cavalo à roleta no celular

Para começar, vale lembrar que a Gávea sempre foi ligada ao jogo. O Hipódromo já fazia o público vibrar muito antes da era digital, não é? E olha que curioso: em pleno 2020, quando a pandemia esvaziou as arquibancadas, o Movimento Geral de Apostas de um domingo bateu incríveis R$ 835 mil — tudo isso, claro, via app e televenda.

Seja em um jogo Cruzeiro vs. Flamengo ou em qualquer outro esporte famoso em terras cariocas, as apostas esportivas acompanham diretamente o desenrolar das apostas tradicionais e se tornaram um mercado gigante. Esse mercado envolve não só os próprios apostadores, mas também patrocínios milionários e uma guerra por espaços de anúncio.

Rio sai na frente na regulação

O Brasil passou recentemente por uma mudança na regulamentação das apostas esportivas e de jogos de cassino. Mas vale notar que o Rio de Janeiro, como estado, já tinha suas próprias regras muito antes da nova legislação federal.

Por exemplo, a Loterj, do Rio de Janeiro, emitiu um selo digital próprio e teve 182 pedidos de licença protocolados até 30 de setembro de 2024.

Isso veio para garantir que todas as marcas que já operavam por lá pudessem continuar funcionando de forma legal. Assim, deu aos cariocas, inclusive aos moradores da Gávea, acesso a operadoras oficialmente reconhecidas muito antes de outros estados do Brasil.

Dinheiro em apostas só cresce

Agora, olho nesses números: entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões por mês — isso mesmo, por mês! — é o quanto os brasileiros vêm movimentando em sites de apostas desde janeiro de 2025, segundo o Banco Central.

Para completar, houve um aumento de 417% nas buscas por “casas de apostas” no Google entre 2020 e 2024. Além disso, só nos primeiros nove meses de 2024, as transferências via Pix cresceram mais de 200%.

Mesmo sendo dados nacionais, dá pra perceber como o Rio tem um peso gigante nisso — é só olhar para os outdoors no metrô da Zona Sul ou para os comerciais que aparecem durante os jogos.

E quem está jogando? Uma pesquisa do DataSenado em 2024 mostrou que cerca de 16% dos brasileiros apostaram no mês anterior à pesquisa. O perfil mais comum: homens com até 39 anos de idade e que ganham até dois salários-mínimos.

Na prática, isso inclui desde o universitário da PUC até o freelancer que trabalha no coworking da Marquês de São Vicente ou o pessoal que passa pelo Planetário. É uma mistura de juventude, conectividade e vontade de testar a sorte.

O lado divertido vs. o lado preocupante das apostas digitais

O lado divertido? Tem de tudo nas melhores plataformas de cassino online: slots temáticos sobre samba-enredo, bingos com tema de carnaval, roletas ao vivo narradas em português…

Sem contar os bônus regionais — quem confirma um endereço do RJ muitas vezes recebe promoções exclusivas das operadoras licenciadas pela Loterj.

E não dá para esquecer da socialização: streams ao vivo viraram ponto de encontro, com o público se reunindo no bar para assistir e bancar o papel de comentarista.

O lado mais preocupante

Mas nem tudo são flores. Há alguns alertas sérios no radar. As transações com Pix subiram 200%, indicando que mais dinheiro de casa está indo para o jogo. O Banco Central calcula um fluxo de até R$ 30 bilhões por mês sendo desviado do consumo e da poupança.

E não podemos ignorar que 32% dos brasileiros têm contas atrasadas há mais de 90 dias. As apostas só ajudam a aumentar esse endividamento. Especialistas já avisam que a facilidade de apostar em “um clique” pode transformar diversão em dívida antes mesmo de você perceber.

Conclusão

A expansão das atividades de jogo digital, seja na Gávea ou em qualquer lugar do Brasil, é um grande fenômeno que envolve tecnologia, marketing, novos métodos de pagamento e regulamentações que criam um ambiente fértil para as apostas online.

Para quem joga com responsabilidade, há inúmeras oportunidades e muitas novidades aparecendo o tempo todo. Mas, infelizmente, quem perde a mão pode acabar encontrando um atalho para o endividamento.

Na prática, essa é uma atividade que envolve riscos. Então, é importante ter isso em mente ao escolher uma plataforma para jogar. Além disso, deve-se apostar somente em locais licenciados, seguros e que tenham ferramentas de controle para auxiliar os jogadores enquanto apostam pelo Brasil e pelo mundo!