Saiba como Jorge Jesus reagiu ao anúncio de Ancelotti na Seleção Brasileira

Jorge Jesus pelko Al-Hilal (Foto: Divulgação/Al-Hilal)

O técnico Jorge Jesus não escondeu a insatisfação com a forma como a Confederação Brasileira de Futebol conduziu as negociações para o comando da Seleção Brasileira. Aos 70 anos e livre no mercado, o português manteve conversas constantes com a entidade, mas viu sua expectativa ruir com a escolha por Carlo Ancelotti, confirmada sem qualquer comunicado direto ou satisfação oficial por parte da cúpula da confederação.

A relação entre Jesus e a CBF ganhou corpo logo após a demissão de Dorival Júnior. Com respaldo de parte da diretoria e apontado como uma opção viável, ele sinalizou interesse imediato em assumir a equipe nacional.

Segundo informações apuradas pelo UOL Esporte, o treinador se mostrou disposto a lidar inclusive com possíveis obstáculos internos, como um reencontro com Neymar — com quem teve uma saída conturbada no Al-Hilal —, afirmando que isso não interferiria em seu desempenho à frente da seleção.

Apesar do cenário favorável e da disponibilidade para iniciar o trabalho a partir de maio, a CBF optou por prolongar ao máximo a tentativa de acerto com Ancelotti, à época ainda vinculado ao Real Madrid. Internamente, alguns conselheiros chegaram a sugerir ao presidente Ednaldo Rodrigues que uma definição mais ágil evitaria desgastes. Entretanto, a decisão de apostar todas as fichas no treinador italiano prevaleceu.

Mesmo com tratativas em andamento com o italiano, Ednaldo manteve contato com Jorge Jesus até a semana passada. A última conversa ocorreu na quinta-feira anterior ao anúncio oficial. A partir daí, segundo pessoas próximas ao português, não houve mais retorno nem comunicação formal. “Ele ficou profundamente decepcionado com a postura da CBF”, relatou uma fonte envolvida na negociação.

Além disso, Jesus deixou claro em bastidores que preferia conduzir diretamente as tratativas, dispensando intermediários. Diferente do que ocorreu com Ancelotti, cujo representante, Diego Fernandes, acompanhou de perto o processo na Espanha, inclusive assistindo a partidas do Real Madrid no estádio, não houve proposta oficial para o técnico luso.

“Ele nunca recebeu uma oferta concreta, mesmo manifestando desejo de assumir a seleção”, apontou outra pessoa ligada ao treinador.

Enquanto o acordo com Ancelotti foi concluído, com chegada prevista ao Brasil para o dia 26 deste mês, Jorge Jesus viu as portas da Seleção se fecharem mais uma vez. A situação gerou desconforto, principalmente pelo silêncio da CBF após o desfecho das tratativas, reforçando o sentimento de descaso.

Aliás, esse episódio expõe um contraste entre a abordagem direta e estratégica adotada com Ancelotti e a falta de clareza e objetividade com que foi tratado o ex-comandante do Flamengo. Conforme interlocutores, o português esperava ao menos um posicionamento oficial após semanas de expectativa. Contudo, não foi contemplado sequer com um aviso prévio.