Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, é ameaçado

Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, em entrevista coletiva da seleção brasileira feminina (Foto: Thais Magalhães/CBF)

A Conmebol está acompanhando atentamente os desdobramentos da disputa jurídica envolvendo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e seu presidente, Ednaldo Rodrigues. O motivo da vigilância é claro: qualquer sinal de interferência externa nos processos internos da entidade pode configurar violação ao estatuto da Fifa, que exige autonomia plena das federações nacionais.

A tensão atual tem origem em uma ação judicial que contesta o acordo que possibilitou a reeleição de Ednaldo. O ponto central da disputa está na alegação de que a assinatura do coronel Nunes — então dirigente da CBF — seria inválida por suposta incapacidade mental.

O vice-presidente Fernando Sarney, autor da ação, defende o afastamento imediato de Ednaldo e a sua nomeação como interventor, argumentando que, por integrar a estrutura da CBF e ter histórico em entidades como Fifa e Conmebol, sua atuação não configuraria interferência de um agente externo.

Embora a Conmebol não tenha adotado qualquer ação até o momento, a entidade mantém sua equipe jurídica — liderada por Monserrat Jiménez — mobilizada para avaliar o impacto de uma eventual decisão da Justiça brasileira. Segundo fontes ligadas à confederação continental, apenas após um desfecho judicial definitivo será feita uma análise para identificar se houve violação à autonomia institucional da CBF.

Esse tipo de preocupação não é inédito. Em 2023, quando Ednaldo também foi afastado por decisão judicial, a Conmebol e a Fifa emitiram uma carta conjunta alertando para a necessidade de independência das entidades esportivas em relação ao poder público.

A manifestação, aliás, teve peso em uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que recolocou Ednaldo na presidência, sob o argumento de que a instabilidade poderia afetar o desempenho do Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris.

Atualmente, o clima com o presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez, é de reaproximação. Após um período conturbado, principalmente por divergências envolvendo a postura da confederação brasileira no combate ao racismo, os dois dirigentes pacificaram as relações. Tanto que Ednaldo declarou apoio à reeleição de Dominguez, gesto que fortaleceu politicamente o presidente da CBF no cenário internacional.

Enquanto isso, Ednaldo participa nesta semana, em Assunção, do Congresso da Fifa, onde deverá tratar do impasse institucional. A Fifa, por sua vez, ainda trata o caso como uma questão interna da CBF, mas está em contato com a Conmebol para possíveis ações conjuntas, caso o cenário se agrave. O receio maior é que novas decisões judiciais possam comprometer a preparação do Brasil para a Copa do Mundo de 2026.

Portanto, o caso segue em aberto, sendo analisado sob múltiplas óticas — jurídica, política e esportiva. A permanência de Ednaldo Rodrigues no comando da CBF depende não apenas de decisões locais, mas também da interpretação internacional sobre a legitimidade dos atos que sustentam sua liderança.