A Fifa reiterou de maneira enfática sua preferência por estádios com gramado natural para sediar competições oficiais da entidade. A posição foi tornada pública durante inspeções técnicas realizadas no Brasil, país que receberá a Copa do Mundo Feminina de 2027. Apesar de não proibir o uso da grama artificial, a organização estabeleceu um critério técnico rígido para eventos de sua chancela: somente os naturais serão aceitos.
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A definição teve impacto direto na escolha dos estádios brasileiros que sediarão os jogos do Mundial. Em São Paulo, por exemplo, a Neo Química Arena foi a selecionada para integrar a lista de sedes, enquanto o Allianz Parque, com superfície sintética, foi descartado.
Segundo Valesca Araújo, executiva de competições e serviços de equipes da Fifa, o critério técnico, aliado à sustentabilidade e à facilidade de operação, influenciou a escolha. “O Allianz Parque tem gramado artificial, e a Fifa não faz eventos em grama artificial”, afirmou ela.
Valesca também destacou que o estádio corintiano já havia recebido operações da Fifa anteriormente, o que contribuiu para a decisão.
Aliás, essa política também afetou outras cidades. Curitiba, que sediou partidas da Copa do Mundo de 2014 no estádio da Ligga Arena, ficou de fora até mesmo da pré-lista de possíveis sedes para o torneio feminino. A escolha da entidade evidencia uma tendência clara: valorizar estádios com infraestrutura já adequada e com menor necessidade de adaptação, sobretudo no que diz respeito ao tipo de gramado.
A cidade paranaense, inclusive, chegou a receber a seleção brasileira em 2023, após mais de duas décadas de ausência. No entanto, o duelo contra o Equador, válido por um amistoso, ocorreu no Couto Pereira — estádio do Coritiba — justamente por contar com campo natural. Esse episódio reforça a preferência técnica por parte da entidade máxima do futebol.
Conforme anunciado no dia 07 de maio, oito estádios foram confirmados como sedes da Copa de 2027: Maracanã (Rio de Janeiro), Neo Química Arena (São Paulo), Mineirão (Belo Horizonte), Arena Pernambuco (Recife), Castelão (Fortaleza), Fonte Nova (Salvador), Mané Garrincha (Brasília) e Beira-Rio (Porto Alegre). O período de disputa do torneio será de 24 de junho a 25 de julho daquele ano.
Embora ainda não tenha sido oficializado, existe a expectativa de que o Maracanã receba tanto a abertura quanto a final da competição. São Paulo, por sua vez, também articula para abrir o evento. Paralelamente, a Fifa revelou preocupação com a inclusão social e anunciou medidas para ampliar o acesso da população aos estádios.
“A gente propôs algumas coisas sociais para que várias pessoas que não tenham oportunidade possam estar nos estádios para participar de um jogo de futebol e de uma experiência de Copa do Mundo”, declarou Valesca Araújo.
Portanto, a posição da Fifa sinaliza, acima de tudo, um direcionamento técnico claro sobre o tipo de estrutura que pretende valorizar em suas competições. A exigência do gramado natural reafirma um padrão consolidado, que não abre margem para concessões mesmo em arenas modernas, como é o caso do Allianz Parque.
Ao mesmo tempo, reforça um debate recorrente no futebol nacional sobre os impactos e limitações da grama sintética nos grandes palcos do esporte.