VAR pode passar por mudanças no futebol brasileiro

Fifa está testando nova modalidade do VAR (Foto: Divulgação)

A pressão por mudanças na arbitragem brasileira atingiu um novo patamar com a criação de uma frente conjunta entre clubes da elite e de outras divisões apresentada à CBF. Trata-se de um conjunto de propostas que visam transformar a atuação do VAR. A iniciativa tem como ponto de partida a crescente insatisfação com a condução das decisões no Campeonato Brasileiro e em outras competições nacionais.

O Flamengo, que integra a comissão responsável pelas tratativas, assumiu posição de destaque no movimento que pede alterações concretas no protocolo atual.

A reunião decisiva ocorreu nesta segunda-feira (19), com a presença de representantes de nove agremiações: São Paulo, Vasco, Internacional, Botafogo-SP, Fortaleza, Maringá, Volta Redonda, ASA e o próprio clube carioca.

O grupo, formado dentro da comissão nacional de clubes, formalizou três recomendações específicas, dirigidas diretamente ao chefe da arbitragem da CBF, Rodrigo Martins Cintra.

Sugestões enviadas à CBF

A primeira visa suspender a comunicação entre o juiz central e a equipe do VAR no momento em que o árbitro se dirigir ao monitor de revisão. Segundo os integrantes da comissão, “a intervenção da cabine muitas vezes extrapola o limite de apoio técnico e tenta influenciar diretamente a decisão do árbitro de campo”.

Assim sendo, a medida tem o propósito de garantir maior autonomia e independência à autoridade máxima do jogo.

A segunda proposta diz respeito ao tempo destinado à análise de lances. Conforme o que foi apresentado, a recomendação é que a equipe do árbitro assistente de vídeo tenha até dois minutos para identificar qualquer possível irregularidade.

Caso algo relevante seja encontrado, o árbitro de campo terá outros dois minutos para avaliar as imagens. A menos que haja uma situação clara e evidente, o jogo deverá seguir seu curso.

Por fim, a terceira alteração proposta foca nos gols validados. A ideia é limitar a retroatividade da análise de jogadas ofensivas: “faltas ou infrações só poderão ser consideradas se ocorrerem até 25 segundos antes da bola entrar no gol”.

A intenção, de acordo com os dirigentes, é tornar o processo mais ágil e menos sujeito a revisões extensas que geram paralisações longas e confusão entre os torcedores.

Momento delicado

Embora ainda não haja resposta oficial da CBF, o encaminhamento acontece em um momento delicado para a entidade. O afastamento do presidente Ednaldo Rodrigues gerou um vácuo de comando, o que, eventualmente, abriu espaço para uma atuação mais assertiva dos clubes nos bastidores.

“O objetivo não é atacar o VAR, mas ajustar sua aplicação para que ele funcione como ferramenta de apoio e não como protagonista de polêmicas”, afirmou um dos representantes presentes na reunião.

A movimentação é vista como um marco, sobretudo porque une equipes de diferentes regiões e divisões, em torno de um tema que, inegavelmente, afeta a credibilidade das competições. Afinal, a arbitragem tem sido alvo constante de críticas, principalmente nas rodadas mais recentes do Brasileirão.